O setor de registros nem aberto estava ontem. No de fiscalização, houve princípio de tumulto, pois muita gente esperava atendimento Foto: NAtinho Rodrigues |
Há 14 dias, quem chega ao Departamento Estadual de Trânsito (Detran-CE)
tem encontrado parte do serviço sem funcionamento, o que vem gerando
atritos e frustração. A paralisação da categoria já começa a causar
revolta. “Imagina só você vir aqui cinco dias seguidos e não conseguir
resolver problema nenhum”, desabafou o motorista Júnior Ribeiro. Assim
como ele, desde o dia 17 do mês passado, mais de 14 mil pessoas já foram
prejudicadas pela situação.
A superintendência do Detran afirma que o número de trabalhadores
paralisados é de 50, já o Sindicato de Trabalhadores da Área de Trânsito
(Sindetran-CE) afirma que a quantidade chega a 300. Atualmente, o órgão
possui 550 servidores.
Hoje, segundo o Sindetran, acontece uma
reunião na Assembleia Legislativa para que a categoria discuta o próximo
passo da greve. Eles exigem, principalmente, a implantação de um Plano
de Cargos e Carreiras específico, reestruturação da tabela salarial e
reposição do quadro de profissionais.
A reportagem encontrou,
ontem, aproximadamente 60 servidores parados. Os serviços de registro,
fiscalização e vistoria não funcionaram durante todo o dia. O mais grave
foi o setor de registro, que nem aberto estava. Quem chegou precisou
voltar para casa sem ter nada resolvido.
Já no setor de
fiscalização, houve um princípio de tumulto, pois, apesar dos servidores
estarem presentes, as pessoas que esperavam na fila desde cedo não eram
atendidas. A maioria chegou ao local às 7h e até às 11h ainda estava
lá. A vistoria, por sua vez, também funcionou de maneira precária.
As
negociações, segundo o representante do Sindetran, Naum Gomes, não
caminham porque falta diálogo por parte da Superintendência do órgão.
Gomes afirmou, ainda, que cerca de 35% dos 40% dos servidores aderiram à
greve. “Os outros 60% são terceirizados e continuam o trabalho”.
Já
conforme explica o superintendente do órgão, Igor Ponte, o problema é
um pequeno grupo de servidores, que têm dificultado as negociações. “A
maioria dos nossos atendimentos depende dos setores que se encontram
paralisados, o que acarreta entre mil e 1.500 atendimentos a menos por
dia”, destaca Pontes. Ele afirma, também, que os responsáveis
responderão por abusos administrativos e depredação do patrimônio, e que
não há falta de diálogo.
Ilegalidade
A
greve foi considerada ilegal pela Justiça, pois teria sido deflagrada em
pleno processo de negociação. Conforme a decisão, os grevistas não
respeitaram o percentual de 30% de trabalhadores atuando, impediram
acesso dos usuários ao Detran, constrangeram quem queria trabalhar e
depredaram o patrimônio público. A decisão foi deferida pelo
desembargador Francisco Bezerra Cavalcante, do Tribunal de Justiça do
Ceará.
A categoria está sujeita ao pagamento de multa diária de R$ 300 para cada servidor e R$ 50 mil para o sindicato.
LÍVIA LOPESREPÓRTER
Diário do Nordeste
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