Cientistas alertam: os jovens estão cada vez mais infelizes

Por muito tempo, a percepção popular e estudos científicos descreveram o bem-estar humano seguindo um formato de "U", com picos de felicidade na infância/juventude e na terceira idade, e um declínio na meia-idade. Contudo, pesquisas recentes, como as lideradas pelo economista trabalhista David Blanchflower, da Universidade de Dartmouth, indicam uma inversão preocupante desse padrão. Atualmente, jovens adultos estão relatando ser os indivíduos menos felizes, com a infelicidade diminuindo e a satisfação aumentando com o avanço da idade. Essa mudança de padrão, que parece ter se iniciado por volta de 2017, tem sido observada em diversas sociedades, de países desenvolvidos a nações em desenvolvimento, e o braço que representa os jovens na curva de felicidade já não aponta para cima, resultando em uma satisfação de vida mais alta no final e mais baixa no início da vida adulta.

Essa transição no bem-estar juvenil é tão significativa que tem sido descrita como uma crise global de saúde mental, atingindo uma "fase perigosa". Os transtornos mentais tornaram-se a principal causa de incapacidade entre pessoas de 10 a 24 anos. Mulheres jovens são desproporcionalmente afetadas, com um número alarmante relatando problemas de saúde mental diariamente, além de um aumento nas hospitalizações por automutilação e tentativas de suicídio. Embora as causas exatas sejam complexas e multifatoriais, e não se limitem a eventos como a pandemia de COVID-19 ou o mercado de trabalho, especialistas apontam para o impacto das redes sociais e do ambiente digital de alta comparação, a instabilidade econômica com insegurança no emprego e aumento do custo de vida, além das incertezas geradas por crises climáticas e geopolíticas. A falta de acesso a serviços de saúde mental adequados também agrava o cenário, demonstrando a necessidade urgente de ações coordenadas para reverter essa tendência.