Professores e pais de alunos são contra o projeto de nucleação. Com a ação, 200 estudantes teriam de ser transferidos de escola (FOTO: HONÓRIO BARBOSA) |
A decisão de fechamento de escolas na zona rural de Cariús, na região Centro-Sul do Estado, vem gerando insatisfações entre os pais de alunos, professores e servidores. A iniciativa da Secretaria de Educação faz parte do processo de nucleação que tem por objetivo reestruturar o parque escolar a partir da transferência de alunos, professores e o fim de salas com poucos estudantes.
O exemplo mais atual ocorre na localidade de Umarizeiras. Desde novembro do ano passado, a Secretaria de Educação do Município informou à comunidade o fechamento da Escola de Ensino Fundamental Mário da Silva Leal. Alunos, professores e servidores seriam transferidos para a sede do distrito de Caípu, distante seis quilômetros.
Pais de alunos e professores vêm resistindo ao projeto de nucleação. Neste fim de semana, houve nova reunião na comunidade. O clima era de revolta e resistência. De mãos dadas, o grupo fez um apelo para que a escola não fosse fechada. A decisão da Prefeitura gerou protestos. “Tem criancinhas de 5, 6 anos e a gente fica preocupado”, disse Elizângela Souza, moradora do sítio Encantado, distante sete quilômetros da localidade de Umarizeiras.
Francisca Carla Ferreira pediu aos pais que resistam e não aceitem as pressões da Secretaria de Educação. “Peço que ninguém faça a matrícula de seus filhos. Já existe ameaça que a gente vai perder dinheiro do programa Bolsa Família, mas vamos resistir”, afirma. Maria Vidal da Silva acrescenta que a Secretaria já levou as pastas escolares com documentação dos alunos para o distrito de Caipu.
Docentes
A professora Maria Lioneuda Alves Pereira ressalta que os docentes são contrários ao fechamento da unidade de ensino, que foi construída em 1969 e ampliada em 2005, com seis salas de aula e mais de 200 estudantes matriculados. “Essa escola já recebe alunos de sítios vizinhos, já foi polo de um processo de nucleação. A Secretaria não apresentou uma justificativa clara, uma explicação convincente para a comunidade”, aponta. Na unidade, trabalham dez professores.
Os docentes afirmam que a escola do distrito de Caipu não tem estrutura adequada para receber cerca de 200 alunos transferidos. “Eles dizem que querem melhorar o ensino, a educação, mas o problema pode estar na direção”, observou o líder comunitário Luís Alberto de Queiroz. O aluno do 6º ano Raimundo Gabriel Teixeira, morador da localidade de Extrema, destaca que quer permanecer em Umarizeiras. “A gente não quer que essa escola seja fechada”.
Segundo o advogado Lourenço Sales, há um inquérito civil em andamento na comarca local sobre o processo de nucleação, e o promotor de Justiça, Fábio Vinícius Ottoni Ferreira, recomendou suspender o fechamento da escola. O início das aulas foi transferido para 3 de março.
A secretária de Educação de Cariús, Maria do Carmo, defendeu a nucleação e disse que aguarda homologação do Conselho Estadual de Educação. “Precisamos reorganizar o parque escolar, evitar salas com meia dúzia de alunos para melhor aplicar os recursos. Já estamos pagando 70% do Fundeb com salário dos professores e as despesas aumentaram com o reajuste do piso e a implantação do planejamento”, esclareceu.
Conforme a secretária, há um processo político em Umarizeiras que impede o diálogo. “Os pais não querem nos ouvir e os resultados de aprendizagem não são bons. A nucleação começou há quatro anos e é um processo gradativo”, conclui.
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