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Saúde de cada cearense custa R$ 0,70 por dia

Baixos investimentos agravam problemas de falta de leitos e de
medicamentos, além de unidades de saúde superlotadas (Foto: Germano
Ribeiro/Diário do Nordeste).

Pacientes atendidos de forma precária em corredores de hospitais, falta
de leitos, de medicamentos, de equipamentos e de profissionais de saúde
para dar conta da demanda, cada vez mais crescente, configuram a
realidade da saúde pública do Ceará. Essa situação é reflexo dos baixos
investimentos na área. Para se ter uma ideia, o governo gastou em média
R$ 253,69 por ano para cobrir as despesas dos usuários do Sistema Único
de Saúde (SUS), equivalente a uma média mensal de R$ 21,14 e R$ 0,70 por
dia.

O valor é quatro vezes menor que a média nacional, que
investiu R$ 1.098,75 por ano, o equivalente a R$ 91,56 por mês ou R$
3,05 por dia com usuários do SUS. Montante que, ainda assim, na
avaliação do Conselho Federal de Medicina, está abaixo do que preconiza
os parâmetros internacionais.

Os baixos investimentos em saúde
renderam ao Ceará a sétima pior colocação no ranking dos estados.
Liderando a classificação está o Distrito Federal, com R$ 1.042,40
gastos por ano. Enquanto, em último lugar, aparece Alagoas, onde foram
empregados apenas R$ 204,89 com a saúde de cada habitante, o equivalente
a R$ 0,57 por dia.

Indicadores
Em
contrapartida, considerando outros dois indicadores avaliados, a
situação do Ceará é melhor do que a média dos estados. No Estado, a
cobertura populacional de agentes comunitários de saúde é de 80,60%,
contra 62,48% da média nacional. Já a de equipes de saúde da família a
cobertura é de 73,46, enquanto a nacional é de 56,38%.

Os dados
são de levantamento feito pelo Conselho Federal de Medicina,
considerando o valor que os governos federal, estaduais e municipais
aplicaram, em 2013, para cobrir as despesas dos mais de 200 milhões de
brasileiros usuários do SUS.

O cirurgião Lino Holanda,
secretário-geral do Conselho Regional de Medicina (Cremec) reforça que a
situação é precária, já que os valores são insuficientes para melhorar
os indicadores de saúde do Estado. Ele acrescenta que há uma luta
persistente do sindicato, conselho e associação médica para que sejam
aprovados os 10% do Produto Interno Bruto em investimentos em saúde, com
intuito de melhorar o fluxo de recursos para o Nordeste e, sobretudo, o
Ceará.

“Em nenhuma das regiões do Brasil é suficiente.
Entretanto, para o Ceará é muito pior. Nós continuamos com sérios
problemas na assistência secundária, terciária e também na primária, em
relação às especialidades médicas e aos exames”, frisa.

O
secretário-geral do Cremec cita que, no Interior, existem casos de
pessoas que passam mais de um ano para conseguirem fazer e receber o
resultado de um exame de biópsia. “Caso o câncer seja confirmado, a
pessoa já perdeu muito tempo e talvez a situação tenha se tornado
irreversível”, observa o especialista.

Procedimentos
Holanda
reclama também que, há mais de dez anos, não é reajustado o valor pago
aos procedimentos realizados pelo SUS, os comuns, cirúrgicos e também os
de laboratório. Em decorrência disso, muitos hospitais fecharam as
portas. “As unidades terciárias os continuam repletas de pacientes
atendidos nos corredores e permanece a deficiência de leitos
hospitalares. Se for pediátrico, aumenta a deficiência. Estamos vivendo
com precárias condições de trabalho”, afirma.

Para debater a
situação, o Cremec informa que foi agendada, ainda para este mês de
julho, uma reunião com o prefeito Roberto Cláudio. Na ocasião, o
Conselho irá apresentar a estrutura deficiente de funcionamentos dos
frotinhas e postos de saúde visitados pelos conselheiros. “Em muitos,
até medicamentos têm faltado”, pontua Holanda.

O representante do
Cremec comenta que a estrutura montada para a Copa do Mundo prova que
condições o Ceará tem, basta que seja liberada a verba. “É preciso
aumentar o valor investido na saúde, caso contrário não teremos como
resolver esses problemas gritantes”, enfatiza.

Sesa garante investimento para ampliar acesso
A
reportagem do Diário do Nodeste procurou a Secretaria da Saúde do
Estado do Ceará (Sesa) e a Secretaria Municipal de Saúde de Fortaleza
(SMS) para comentar sobre o levantamento realizado pelo Conselho Federal
de Medicina. Os dados foram divulgados ontem e dizem respeito aos
valores utilizados pelos governos federal, estaduais e municipais para
cobrir as despesas dos brasileiros usuários do Sistema Único de Saúde
(SUS)

A Secretaria da Saúde do Ceará, por meio da assessoria de
comunicação, afirmou que o Governo do Estado não para de investir na
área de saúde e que a rede pública do Ceará é destaque nacional.

De
acordo com a Sesa, os investimentos públicos realizados pelo Governo do
Estado são focados em ampliar o acesso aos serviços de saúde e reduzir o
tempo de espera da população por atendimento. Dentre os investimentos
realizados, o órgão destaca como exemplo a construção de policlínicas em
19 municípios, além de outras três que estão sendo concluídas.

Capital
Por
meio da assessoria de imprensa, a secretária de saúde de Fortaleza,
Socorro Martins, afirmou que não comentaria o levantamento do Conselho
Federal de Medicina, uma vez que não teve acesso aos dados apresentados
pelo órgão.

Fonte: Diário do Nordeste

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