Prefeituras, empresas e a população paulistas devem reservar água da chuva para enfrentar a estiagem de 2015, que pode ser pior que a de 2014 (FOTO: REUTERS) |
São Paulo. A Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp) admitiu ontem que pode adotar um rodízio “muito drástico” na região metropolitana e a população pode ficar dois dias com água e cinco dias sem.
O objetivo seria evitar o colapso do Sistema Cantareira, que pode ocorrer em setembro. Ontem, o manancial estava com 5,1%. “Se não chover, se for necessário, e se a Agência Nacional das Águas (ANA) e o DAEE (Departamento de Águas e Energia Elétrica de São Paulo), órgãos reguladores, chegarem a conclusão de que a Sabesp tem de tirar muito menos do que está retirando, a solução no limite seria um rodízio muito drástico”, disse o diretor metropolitano da empresa, Paulo Massato.
A declaração foi dada durante o anúncio da ampliação de 500 litros por segundo na vazão do Córrego Guaratuba para o Sistema Alto Tietê, em Suzano, na Grande São Paulo. “Se tivermos de retirar somente 10, 12 metros cúbicos (mil litros) por segundo, teríamos de adotar um rodízio de dois dias com água e cinco dias sem água, ou equivalente a isso”, completou Massato.
Neste mês, a Sabesp tem retirado 14,7 mil litros por segundo do Cantareira e produzido 18 mil litros por segundo para abastecer cerca de 6,5 milhões de pessoas na Grande São Paulo.
Há duas semanas, o presidente da empresa, Jerson Kelman, disse que a meta é reduzir para 13 mil litros captados. Segundo ele, isso seria possível, principalmente, com a ampliação da redução da pressão da água na rede, que tem começado às 13 horas e durado até 18 horas. O problema é que o volume que tem entrado no Cantareira em janeiro é de apenas 7,9 mil litros por segundo, ou seja, quase metade do que a Sabesp tem retirado, sem contar os 2 mil litros por segundo que têm sido liberados para abastecer cerca de 5 milhões de pessoas nas regiões de Campinas e Piracicaba. Neste ritmo, o volume disponível para captação no sistema se esgotará em março e uma terceira cota do volume morto, em maio.
Previsão sombria
Prefeituras, empresas, serviços de saneamento e a população devem reservar água da chuva para enfrentar a estiagem de 2015, que pode ser pior que a de 2014. A recomendação foi feita ontem, pelo Consórcio das Bacias dos Rio Piracicaba, Capivari e Jundiaí (PCJ) durante reunião com representantes de 43 municípios das regiões de Piracicaba e Campinas, no município de Americana. “Estamos incentivando a população a construir cisternas e reservatórios para armazenar a água da chuva, alertando porém dos cuidados para evitar a dengue”, disse a gerente técnica do PCJ, Andréa Borges.
Desrespeito à vazão
O desrespeito ao mínimo de vazão tecnicamente estudado para as Bacias do Piracicaba, Capivari e Jundiaí (PCJ) contribuiu para antecipar a crise hídrica nos municípios abastecidos pelas bacias doadoras do Sistema Cantareira, segundo o Ministério Público Federal (MPF).
O atual estágio do sistema, praticamente esgotado, decorre da falta de cumprimento das regras estabelecidas em 2004, afirmam as procuradoras Denise Abade e Sandra Kishi. “Não se trata, portanto, somente de uma questão climática”, dizem elas em documento.
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