O jornalista José Roberto Burnier grava reportagem com capacete e colete na rua da Consolação, em SP (Foto: Reprodução TV Globo) |
Escaldadas com as agressões sofridas nas manifestações de junho de 2013, as emissoras de TV cobriram os protestos de 15 de março como se estivessem em um campo de batalha. Em todo o país, repórteres da Globo e de suas afiliadas só foram para as ruas com um “kit de guerra”, que inclui capacete, colete e máscara para proteção contra gases. No Fantástico, o repórter José Roberto Burnier apareceu paramentado com colete e capacete em uma reportagem sobre as manifestações em São Paulo.
Burnier foi uma exceção. A maioria dos repórteres que cobriu os protestos deixou o “kit de guerra” na mochila, porque não encontrou um ambiente hostil como em 2013. Na verdade, a Globo mandou poucos repórteres para o asfalto. Nas entradas ao vivo, os repórteres apareceram em helicópteros e em sacadas ou coberturas de prédios, longe dos manifestantes.
Em 2013, um cinegrafista da Band (Santiago Ilidio Andrade) foi morto em uma explosão no Rio, repórteres como Caco Barcellos foram ameaçados de agressão em São Paulo, o SBT teve carros depredados e a Record, uma unidade móvel de jornalismo queimada. Desde então, todas as redes tomam precauções ao cobrir manifestações populares.
O resultado foi uma sensível queda na qualidade. As redes não se arriscam mais a enviar unidades móveis aos protestos, pois elas chamam muito a atenção. Ontem, ao vivo, as emissoras praticamente só ofereceram imagens aéreas. A Globo, em plantão na tarde de ontem, chegou a exibir imagens da avenida Paulista com qualidade sofrível. Foram geradas por uma câmera instalada em uma motocicleta (motolink), com transmissão via internet.
A Record também tinha motolinks na avenida Paulista, mas não correu o risco de usar as imagens ao vivo. Preferiu a cobertura via helicóptero e de um prédio em frente ao Masp, epicentro do protesto em São Paulo.
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