Sobral e Ceará intensificam segurança escolar com novas estratégias após duas tragédias
Mais de dez ações foram implementadas em unidades de ensino, incluindo tecnologia avançada e capacitação, para prevenir a violência e fortalecer o ambiente educacional.
Após dois episódios de violência que abalaram a comunidade escolar entre 2022 e 2025, Sobral, no Ceará, e o Governo do Estado têm implementado uma série de medidas emergenciais e contínuas para reforçar a segurança nas escolas públicas. As tragédias, que resultaram em três mortes de estudantes, mobilizaram autoridades na busca por soluções preventivas e de resposta rápida.
A primeira ocorrência foi registrada em 2022 na Escola de Ensino Médio Professora Carmosina Ferreira Gomes, onde um aluno de 15 anos atirou contra colegas, motivado por bullying, resultando em uma vítima fatal. Em setembro de 2025, a cidade foi palco de um novo ataque, desta vez na Escola Professor Luís Felipe, com atiradores externos que vitimaram dois adolescentes, possivelmente em decorrência de rivalidades entre grupos criminosos. Em resposta a esses incidentes, o Estado do Ceará, através da Secretaria de Educação (Seduc), realizou intervenções na infraestrutura da Escola Carmosina, com melhorias na quadra, aumento de muros e a transformação da sala onde ocorreu o ataque em um Laboratório de Matemática. Além disso, foram adotadas medidas como o acompanhamento técnico e psicossocial, o projeto “Conexões Pacíficas” para prevenção de conflitos, atendimentos de combate ao bullying, e o lançamento de uma cartilha de orientações para prevenção da violência escolar. O Ministério Público do Ceará (MPCE) também lançou em 2025 o programa “Previne – Violência nas Escolas, Não!”, visando a criação de comissões de proteção em todas as escolas do estado.
No âmbito municipal, a Prefeitura de Sobral implementou diversas ações. Atualmente, cerca de 60% das unidades municipais contam com câmeras de segurança. Em outubro de 2025, um projeto piloto de segurança inteligente foi lançado na Escola Municipal José Parente Prado, incorporando leitura biofacial para controle de acesso de alunos, envio de notificações aos pais, e um botão de pânico com comunicação direta à Guarda Municipal e Polícia Militar para uma resposta mais ágil. A rede municipal também intensificou a formação em segurança escolar para alunos e colaboradores, treinamentos de primeiros socorros, e rodas de conversa sobre bullying e saúde mental, com o apoio de orientadores educacionais e psicólogos. Um serviço de controladores de tráfego escolar foi implantado para garantir a segurança no entorno das escolas em avenidas movimentadas. Especialistas, como Ricardo Moura do Laboratório de Estudos da Violência da UFC, reforçam a necessidade de continuidade dessas ações e da apropriação da escola pela comunidade como um espaço seguro.