Pelúcias do PCC em Shoppings: Polícia de SP Desencadeia Operação Contra Símbolos de Facção
O que parecia inofensivo esconde uma rede de financiamento criminoso. Lojas em shoppings da capital paulista são alvo de batidas por comercializarem produtos com símbolos que fazem alusão a uma das maiores facções do país.
Uma operação policial de grande envergadura surpreendeu lojistas e frequentadores de alguns dos maiores centros comerciais de São Paulo. Sob o nome "Operação Profana", as autoridades desvendaram uma rede insuspeita de comércio: a venda de pelúcias e outros itens que, de forma velada, fazem alusão a uma poderosa facção criminosa, o Primeiro Comando da Capital (PCC).
A ação, liderada pela Polícia Civil, através do Departamento de Investigações Criminais (DEIC), focou em estabelecimentos que comercializavam produtos com símbolos e códigos reconhecidamente associados ao grupo criminoso. O objetivo principal era desarticular não apenas a apologia ao crime, mas também cortar uma possível fonte de financiamento e recrutamento, muitas vezes direcionada a públicos jovens e até crianças, que teriam contato com esses objetos em ambientes familiares como os shoppings.
O número "1533", por exemplo, era um dos elementos-chave da investigação. Para o observador comum, pode parecer um mero detalhe. Contudo, para os investigadores, representa uma cifra clara: o "15" corresponde à letra P no alfabeto, e o "3" à letra C. Assim, o número "1533" faz alusão à sigla PCC, utilizando uma contagem alfabética para representar as iniciais do grupo. Essa codificação sutil é uma tática conhecida para difundir a marca da facção sem levantar suspeitas imediatas.
Durante as diligências, equipes policiais realizaram mandados de busca e apreensão em lojas localizadas em shoppings de grande fluxo, como Aricanduva, Penha, Interlagos e Itaquera. A lista de produtos apreendidos ia muito além das pelúcias; incluía também bonés, camisetas, pôsteres e diversos outros artigos que ostentavam a simbologia da facção, transformando itens do cotidiano em veículos de propaganda criminosa.
Os proprietários e funcionários dos estabelecimentos flagrados podem enfrentar sérias acusações. A comercialização desses artigos não é vista apenas como uma infração comercial, mas como um ato de apologia ao crime e, mais gravemente, lavagem de dinheiro. As autoridades investigam se os lucros gerados por essas vendas eram revertidos para financiar as atividades ilícitas da facção, criando um elo entre o consumo aparentemente inocente e o crime organizado.
A "Operação Profana" serve como um alerta contundente sobre as estratégias cada vez mais dissimuladas utilizadas por organizações criminosas para se infiltrar na sociedade. A polícia de São Paulo reafirma seu compromisso em monitorar e combater todas as formas de manifestação e financiamento do crime, garantindo que espaços públicos e produtos consumidos pela população não se tornem ferramentas para a expansão de grupos faccionados.