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Em debate tenso, Dilma e Aécio trocam acusações e ofensas

Os candidatos à Presidência da República Dilma Rousseff (PT) e Aécio Neves (PSDB) durante debate em São Paulo (SP) (Foto: Ivan Pacheco/VEJA.com)

Os ataques entre os candidatos marcaram o primeiro debate presidencial do segundo turno entre Aécio Neves (PSDB) e Dilma Rousseff (PT), na noite desta terça-feira (14), na TV Bandeirantes.

Por mais de uma vez, Aécio acusou Dilma de mentir. Afirmou que ela é “desinformada” e “leviana”. Dilma disse que o adversário beneficiou um parente na construção de um aeroporto e apontou “nepotismo” do tucano, que, segundo ela, emprega irmão, tios e primos no serviço público de Minas Gerais, estado que ele governou entre 2003 e 2010.

Logo no primeiro bloco, Dilma responsabilizou o governo de Aécio em Minas pelo “desvio” de R$ 7,6 bilhões na saúde. De acordo com Dilma, o valor está descrito na página na internet no Tribunal de Contas de Minas Gerais. Aécio rebateu, dizendo que teve todas as contas aprovadas pela Corte. “A senhora está desinformada. Todas as nossas contas foram aprovadas pelo Tribunal de Contas”, disse Aécio.

O candidato tucano também disse ser atacado constantemente por Dilma durante a campanha e perguntou se ela se arrepende de sua postura com adversários.

“Quem faz ataques é o senhor. Vocês distorcem. Dizem que foram os pais do Bolsa Família […]. Nos bancos públicos, seu candidato a ministro da Fazenda diz que temos que mudar e no final diz que não sabe o que vai fazer com bancos públicos”, declarou Dilma. “A senhora deturpa aqui palavras do Arminio Fraga. O que vamos dar aos bancos públicos é transparência”, rebateu Aécio.

No segundo bloco, Aécio perguntou a Dilma sobre inflação. Ele disse que o governo perdeu o controle da inflação, que, segundo o tucano, cresceu durante o governo dela.

“Como é que querem que eu acredite que, com o mesmo cozinheiro, vocês vão entregar a mesma receita?”, indagou a presidente, em referência ao economista Armínio Fraga, ex-presidente do Banco Central no governo Fernando Henrique Cardoso, antecipado por Aécio como futuro ministro da Fazenda caso ele ganhe a eleição. Dilma afirmou ter certeza de que, até o fim do ano, a inflação estará em 6,5%, dentro da meta.

Aécio se disse “impressionado” com a “obsessão” de Dilma por Armínio Fraga. “Felizmente já tenho um nome que sinaliza para a previsibilidade na nossa economia”, declarou.

“Para quem a previsibilidade? Previsibilidade para ter a maior taxa de desempregados, em 2002? Previsibilidade com desemprego?”, questionou a candidata. Aécio respondeu dizendo que Dilma insiste em olhar pelo retrovisor. “Seu governo chega ao final de forma melancólica”, afirmou o tucano, para quem a rival “falta com a verdade”.

Os dois também se confrontaram em relação ao tema corrupção, levantado por Aécio, que fez referência ao escândalo da Petrobras.

“É fundamental que saibamos tudo sobre esse processo da Operação Lava Jato”, afirmou a candidata. Ela disse que o governo aprovou leis para aprofundar as investigações sobre corrupção. Aécio questionou Dilma sobre a demissão do ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa, preso pela Polícia Federal e disse que ele recebeu elogios ao deixar a empresa.

Dilma pediu explicações a Aécio sobre o aeroporto no município de Claudio (MG), construído em um terreno que pertenceu a um tio do candidato. Aécio disse que queria falar nos olhos da candidata e afirmou: “A senhora está sendo leviana, leviana.” Segundo ele, a obra foi feita em uma área desapropriada e disse que, até hoje, o tio reclama do valor estipulado para a indenização. “O Ministério Público Federal disse que a obra é correta”, argumentou.

A petista apontou prática de nepotimo do rival e afirmou que Aécio emprega irmão, tia, tio e três primos no governo de Minas Gerais. “No governo federal, não tem um parente meu”, declarou.

O tucano afirmou que a adversária mente. “A sua propaganda é só mentira. Não pode ser esse vale-tudo. Eleve o nível do debate”, respondeu Aécio, que afirmou que o atual governo virou um “mar de lama”.

Cuba também foi motivo de confronto entre os candidatos. Aécio criticou o financiamento pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) de um porto em Cuba. “Por que a sernhora não tira o caráter secreto desse financiamento?”, indagou. Dilma respondeu dizendo que o financiamento não foi feito a Cuba, mas a empresas brasileiras.

A petista afirmou que a fala do adversário adentrava “o perigoso terreno da lenda” depois de Aécio afirmar que o programa Bolsa Família teve origem em ações do governo Fernando Henrique Cardoso. Para ele, os “pais” do programa são FHC e a ex-primeira-dama Ruth Cardoso. Segundo Aécio, o “DNA” do Bolsa Família está nos governos do PSDB. “Isso é fabulação”, contestou Dilma. Noutro bloco, a candidata afirmou: “O senhor está inventando uma história que não existe. O Bolsa Família não tem nenhum parentesco com os programas dos governos tucanos”

Sobre creches, o candidato do PSDB afirmou que a rival não cumpriu promessa de construir 6 mil unidades. “Essa história das creches está muito mal contada. O senhor não entende dessa questão”, disse a petista. Segundo ela, as creches são feitas em parcerias com os municípios, que recebem recursos federais para isso. “Nenhum dos governos tucanos fez creches em número suficiente para as crianças brasileiras. Acho estarrecedor o senhor vir falar sobre esse tema”, disse.

Dilma afirmou que Aécio não pode argumentar com pesquisas para dizer que está à frente na campanha eleitoral – antes o tucano tinha feito referências a pesquisas recentes. “O senhor perdeu a eleição [no primeiro turno]”, disse. “Todas as eleições que eu disputei em Minas eu ganhei”, declarou Aécio.

Ao indagar o adversário sobre emprego, a candidata à reeleição disse que conseguiu preservar postos de trabalho enquanto o desemprego aumentava em outros países. “Candidata, a senhora volta com o discurso do medo. A grande verdade é que os empregos estão indo embora porque país que não cresce não gera emprego”, argumentou Aécio.

Considerações finais

Aécio Neves, o primeiro a fazer as considerações finais, no último bloco. O tucano disse que os últimos dias foram de muita emoção para ele e sua família, dizendo estar grato a seus eleitores. Disse que honra Renata Campos, viúva de Eduardo Campos, e a Marina Silva. “Me preparei pra dar aos brasileiros governo honrado e eficiente […]. Não permitirei que Brasil seja dividido entre nós e eles”, afirmou o candidato do PSDB.

Dilma afirmou que os brasileiros devem se perguntar quem tem “mais capacidade e experiência” para garantir avanços e tem “compromisso verdadeiro” com os trabalhadores. Destacou a importância da educação, da garantia de segurança pública e de mais especialidades médicas no SUS. “Peço humildemente o seu voto”, concluiu.

Com informações da Band, Folha de São Paulo e G1

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