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Punição ao preconceito: Após atos racistas da torcida, Grêmio é excluído da Copa do Brasil

Torcedora gremista flagrada que cometeu injúria racista contra Aranha
Reprodução/ESPN.

Os atos racistas cometidos pela torcida do Grêmio na derrota para o Santos, na última quarta-feira (27), em Porto Alegre, culminou com a exclusão da equipe gaúcha da Copa do Brasil. A decisão foi tomada pela Terceira Comissão Disciplinar do Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD) em julgamento na tarde desta quarta (3), no Rio de Janeiro.

Na última quarta, na Arena do Grêmio, uma torcedor foi flagrada gritando “macaco” para o goleiro Aranha, do Santos. Além disso, outros torcedores cometeram injúrias racistas contra o jogador alvinegro.

O Tricolor foi enquadrado no artigo 243-G (e seus parágrafos) do Código Brasileiro de Justiça Desportiva (CBJD)
e punido com a exclusão do torneio, além de multa de R$ 50 mil. A
decisão não é definitiva, e o clube gaúcho pode recorrer ao Pleno do
STJD. Esta foi a primeira vez que um clube brasileiro foi excluído por
atos racistas em competições organizadas pela Confederação Brasileira de
Futebol (CBF).

O primeiro a depor, como testemunha do time gaúcho, foi o presidente do clube, Fábio Koff.
“Este julgamento é histórico para o clube, a instituição. Não se limita
ao fato ocorrido, ela atinge um clube com 111 anos”, lamentou Koff no
começo do julgamento.

A procuradoria, a cargo de Rafael Vanzin, utilizou a entrevista de
Aranha ao programa Fantástico e cenas do jogo. A defesa do Grêmio, por
sua vez, apresentou campanhas com jogadores do clube contra o racismo
veiculadas nos canais tricolores nas mídias sociais.

Na sua manifestação, Vanzin mencionou outros casos de discriminação na
Arena do Grêmio. Um deles em 30 de março, quando o zagueiro Paulão, do
Internacional, foi hostilizado pela torcida tricolor durante clássico
Gre-Nal pelo campeonato gaúcho.

A defesa do Grêmio, representada pelos advogados Gabriel Vieira e
Michel Assef Filho, destacou que o clube faz campanhas de combate ao
racismo. Assef chegou a defender a absolvição do time de Porto Alegre.
“Penalizar quem faz campanha contra o racismo é um absurdo”, disse
Assef, alegando que uma punição iria na contramão a essas iniciativas.

O relator Francisco Pessanha Filho, além de excluir o Grêmio, aplicou
multa de R$ 50 mil ao clube e proibiu os torcedores identificados de
presenciarem jogos da equipe por 720 dias.

“(A pena) pode não ser a mais inteligente nem justa, mas é o que
temos”, disse Pessanha Filho, que aproveitou para dar uma resposta a
Koff, que indicou que uma eventual punição macularia a imagem
do clube:

“Quem está manchando a instituição Grêmio não é este tribunal”.

O voto do relator foi seguido pelos auditores Ricardo Graiche, Ivaney
Cayres e Gustavo Teixeira. Na noite desta quarta-feira (3), faltava
votar ainda o presidente do STJD, Fabrício Dazzi, mas a exclusão já
estava sacramentada.

O árbitro Wilton Pereira Sampaio e os auxiliares,
denunciados por não terem relacionado a injúria racial na súmula de
jogo, foram igualmente condenados: o juiz Wilton Pereira de Sampaio foi
suspenso por 45 dias e multado em R$ 800. Os auxiliares e o quarto
árbitro foram suspensos por 30 dias e R$ 500. Luiz Cunha Martins,
delegado da partida, foi absolvido.

 
Ceará aguarda definição

Pelo chaveamento da Copa do Brasil, o vencedor do confronto Grêmio x Santos seria o adversário de Ceará ou Botafogo – o Vovô venceu o jogo de ida por 2 a 1,
no Maracanã. A partida de volta entre gaúchos e paulistas, nesta
quarta, já estava suspensa pelo STJD devido ao julgamento do caso.

Fonte: Redação Web/Folhapress

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