O candidato Eduardo Jorge (PV) durante o intervalo do debate dos presidenciáveis promovido pelo SBT, em 01/09/2014 – Ivan Pacheco/VEJA.com |
‘Marinês aplicado’ – O senador evangélico Magno
Malta (PR-ES) revela o tamanho da encrenca no meio religioso com a
divulgação do plano de governo de Marina Silva que defendia o casamento
gay – e foi modificado. “Ela não errou uma frase, foi um texto inteiro.
Ela precisa verbalizar: ‘Sou contra o casamento gay’. Ou vai ficar na
base do me engana que eu gosto.”
Alvo – O comitê petista comemorou até os
questionamentos de Eduardo Jorge e Luciana Genro à sucessora de Eduardo
Campos na chapa do PSB. “Marina era uma outsider e agora está sendo discutida”, disse o vereador José Américo, secretário nacional de comunicação do PT.
A arte da guerra – Petistas também aprovaram a
estratégia de Dilma de procurar o embate direto com Marina, pontuar
contradições – e a falta de explicações da principal adversária da
presidente. “Chegou a hora de a onça beber água”, disse o
vice-presidente nacional do PT, deputado José Guimarães (CE), minutos
antes de o debate começar. A ofensiva deixou Dilma nervosa – ela chegou a
gaguejar em algumas respostas. “Marina tem consciência de que agora é
vidraça”, disse o presidente do PSB, Roberto Amaral.
Codinomes – O debate do SBT abriu a temporada de
apelidos entre os candidatos à Presidência da República. Eduardo Jorge
(PV) batizou Dilma Rousseff (PT), Marina Silva (PSB) e Aécio Neves
(PSDB) de “G3”, uma adaptação para a sigla do grupo dos países mais
ricos do mundo. Levy Fidelix (PRTB) tentou reproduzir a ideia do verde,
mas embaralhou as siglas para “3G”. Luciana Genro arriscou chamá-los de
“os três irmãos siameses”. E Aécio Neves só se referiu a Dilma como “a
candidata oficial”.
Dicionário – A pronúncia da palavra estupro continua
assombrando os candidatos – e não só à Presidência da República. Na
segunda foi a vez do Pastor Everaldo maltratar a gramática ao falar no
combate ao “estrupo (sic)”.
Em forma – Candidato ao Senado por São Paulo, o
ex-governador José Serra manteve a tradição e chegou atrasado ao debate.
Só tomou seu lugar na plateia no segundo bloco. Havia poucas cadeiras
vagas, na fileira do PSC e na última. Ensaiou pular as cadeiras, mas
deixou que um assessor o fizesse: “Eu me sinto jovem para isso”, disse
Serra.
Selfie – O deputado federal Beto Mansur, que tenta a
reeleição pelo PRB, sacou o celular logo antes de o debate começar para
registrar um selfie no estúdio do SBT, decorado com os pilares do
Palácio do Planalto.
Superstição tucana – Presidente do diretório
paulista do PSDB, o deputado federal Duarte Nogueira vestiu uma gravata
azul, com uma pequena ferradura prateada gravada no tecido, para ir ao
debate no SBT. Ele explica o figurino: “A ferradura de sete cravos é um
símbolo de sorte, tem quatro de um lado e três do outro. É a gravata com
que tomei posse como líder da bancada em 2011. Ela ajuda nos momentos
mais difíceis.”
Tempo! – Marina Silva e Dilma Rousseff foram as
candidatas que mais extrapolaram os minutos de resposta previstos pela
organização do debate, que foi condescendente com todos os candidatos.
Em alguns momentos, elas chegaram a provocar protestos da plateia.
Acuado – Pastor Everaldo Pereira teve de responder a
uma pergunta delicada, que deixou em apreensão a bancada do PSC na
plateia. Foi colocado em xeque com as acusações de sua ex-mulher, Katia
Maia, que move contra ele processo por agressão física, “chutes e
socos”. O religioso negou tudo. A cantora gospel Ester Batista, atual
mulher de Everaldo, que se distraiu no celular durante a maior parte do
debate, acompanhou com olhar fixo e sacudindo a cabeça em sinal
positivo. “Ele foi verdadeiro”, disse.
Coleção – Marina Silva abandonou os chamativos
óculos vermelhos usados no debate da Band. Desta vez, adotou um modelo
mais simples, preto e de hastes finas. Só os usou para ler uma apostila e
retirou antes de aparecer em vídeo.
Frio – Depois de ouvir de membros da campanha
conselhos para que abandonasse o xale e os óculos vermelhos, Marina foi
apenas com um casaco para o debate. Enquanto deixava o estúdio, reclamou
para os assessores. “Não tem condições com esse frio esses debates, com
esses canhões aqui”, disse, apontando para um dos focos do ar
condicionado.
Calouro na política? – Se ao assistir ao debate o
apresentador Raul Gil mostrou-se bastante animado, fazendo risinhos e
conversando com os que estavam próximos, ao final ele arriscou dizer que
estava pensando em se candidatar. Ele aproveitou para fazer elogios a
Marina Silva e a Beto Albuquerque. “Vocês vão chegar lá. Ela estava
tranquila, serena”, disse. Extrovertido, ele imitou Cauby Peixoto para o
presidente do PSB, Roberto Amaral, Beto Albuquerque e Miguel Manso,
presidente do Pátria Livre.
Ritmo lento – Conhecidos pela fala mansa, pausada e
demorada, o senador Eduardo Suplicy (PT) e o presidenciável do PV,
Eduardo Jorge, conversavam antes do debate. Suplicy pediu explicação
mais completa na TV sobre a proposta de simplificação de impostos do
verde, que pretende unificar tributos sobre movimentação financeira. “O
problema é que não vai dar tempo”, disse Jorge.
Mãozinha – No fim do último bloco, o candidato a
deputado federal e presidente do PSC em São Paulo, Gilberto Nascimento,
sacou do bolso do paletó um pequeno maço de santinhos e ficou esperando o
tucano José Serra passar. Sem cerimônia, entregou ao tucano, que ficou
surpreso. “Me ajuda”, pediu ao pé do ouvido de Serra, que lidera a
corrida ao Senado.
Hora errada – Um dos coordenadores da campanha de
Aécio Neves, o ex-governador paulista Alberto Goldman reprovou a
declaração do coordenador geral da campanha do tucano, o senador
Agripino Maia (DEM-RN), que pregou aliança dos tucanos com Marina Silva
no segundo turno para derrotar um “mal maior”. Goldman disse que o
democrata foi “inconveniente”. “Está falando besteira”, criticou.
Vem com a gente – Roberto Amaral, presidente
nacional do PSB, aproveitou a deixa de Agripino e já pediu o apoio de
Aécio Neves (PSDB). “Aceito o apoio de quem quiser nos apoiar, até do
Aécio. Quero que o Aécio nos apoie.”
Sebo – Amaral, aliás, nega que Marina tenha recuado
no programa de governo só por pressão dos evangélicos, sobretudo do
pastor carioca Silas Malafaia, um dos que mais repudiou publicamente o
programa do PSB. “Eu não tenho tempo para ver Malafaia. Tenho muitos
livros para ler”, ironizou. “Não estou dizendo que não teve pressão, mas
foi uma decisão dele após a primeira leitura do texto. Eu prefiro que
questões religiosas não sejam envolvidas com questões políticas, nem que
houvesse candidatura religiosa. Estou me referindo ao pastor, que é
religioso até no nome.”
Nada se cria, tudo se transforma – O clima entre os
membros do PSB que assistiam ao debate da plateia era de alguma
descontração. Depois de a presidente Dilma Rousseff ter respondido a
perguntas dizendo que concordava com alguns dos problemas de seu
governo, o vice de Marina Silva, Beto Albuquerque brincou: “O João
Santana agora concorda com críticas e diz que vai mudar depois de doze
anos”, ironizou. Dando continuidade às brincadeiras, Albuquerque ainda
falou a Maurício Rands, um dos coordenadores do programa: “Maurício, tem
alguém infiltrado e dizendo para Dilma ler nossas propostas.”
Tá certo – Antes mesmo de Marina Silva dizer que
Eduardo Jorge (PV) foi coerente ao explicar as diferenças entre o seu
partido hoje e em 2010, quando Marina disputou a Presidência da
República pela sigla, membros do PSB que estavam na plateia aprovaram a
fala dele fazendo um sinal de positivo com a cabeça. (Felipe Frazão e Talita Fernandes)
Fonte: Veja
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