Modelo bimotor Cessna 560 XL prefixo PR-AFA, da Cessna Finance Export Corporation (Foto: Divulgação/Cessna) |
Um alerta que consta no manual do avião que caiu com Eduardo Campos
aponta para o risco de o jato mergulhar abruptamente durante
procedimento feito em subidas e arremetidas.
O procedimento
apontado pela Cessna, fabricante do jato Citation 560 XL, é o
recolhimento dos flaps –dispositivo que, acionado, aumenta a área das
asas para dar mais sustentação ao avião em baixas altitudes, como em
pousos ou decolagens.
Segundo o alerta, se os flaps forem
recolhidos quando o avião estiver acima de 370 km/h, o nariz pode ser
jogado para baixo, o que, na prática, pode tornar o avião difícil de
controlar.
Isso acontece por um efeito aerodinâmico nos
estabilizadores horizontais –pequenas asas na cauda. É uma
particularidade dos Citation.
Os flaps são recolhidos assim que o
avião ganha altitude; pode ser após uma decolagem ou de uma arremetida,
mesmo procedimento que o Citation PR-AFA fez antes de cair, em Santos.
Não está claro se isso aconteceu. A Aeronáutica investiga as causas do acidente.
Em
entrevista à Folha no sábado (16), o brigadeiro Juniti Saito,
comandante da Aeronáutica, disse que “os flaps estavam recolhidos”.
Para
evitar o problema, a Cessna criou um inibidor que impede o avião de
jogar o nariz para baixo em alta velocidade –informação que também está
no manual. Não se sabe, tampouco, se o inibidor do jato de Campos
falhou.
Segundo um piloto de Citation, o alerta sobre o mergulho está no manual como meio de prevenção se o sistema de proteção falhar.
PRECEDENTE
O
alerta para o Citation foi incluído no manual em 2004, como um
procedimento obrigatório, depois da investigações de um incidente na
Suíça dois anos antes. No incidente, sem mortes, o avião estava acima de
2.740 metros ao dar um mergulho; e só se estabilizou em 914 m.
A
Folha procurou a Cessna, que não falou sobre o manual. Disse que o
alerta consta em arquivo produzido pela Flight Safety, organização
baseada nos EUA autorizada pela Cessna a dar treinamento a empresas e
pilotos que operam aviões feitos por ela.
A reportagem reforçou o pedido para que a empresa se posicionasse sobre a informação do manual, mas não obteve nova resposta.
Recomendações aos pilotos (Foto: Editoria de Arte/Folhapress) |
Fonte: Folha de São Paulo
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