Imprudência é a causa principal de acidentes no trânsito

A elevação no número de acidentes é atribuída à imprudência dos condutores, como a ultrapassagem perigosa, excesso de velocidade e o não uso do cinto de segurança e do capacete, além da combinação álcool e direção (Foto: Alex Costa/Diário do Nordeste).

Trafegar em alta velocidade, ultrapassar em locais proibidos ou dirigir
falando ao celular são algumas das causas mais comuns de acidente de
trânsito no Ceará. A imprudência e o desrespeito à legislação são, de
acordo com a Polícia Rodoviária Federal (PRF), responsáveis por 90% das
ocorrências.

De janeiro a julho de 2014, a PRF já registrou 2.262
acidentes nas rodovias federais que cortam o Estado, 18 a mais do que o
contabilizado em igual período de 2013. O principal motivo desses casos
diz respeito à falta de atenção dos condutores, responsável por 829
acidentes neste ano e 811 acidentes entre janeiro e julho do ano
passado.

Conforme a PRF, a imprudência também é a responsável
pelo grande número de mortes nas rodovias. A assessoria de comunicação
da Polícia Rodoviária Federal explica que a colisão frontal representa
apenas 4% dos acidentes registrados, porém é o que mais mata. “Somente
neste ano, 44 pessoas morreram vítimas de colisão frontal no Ceará. Se
os condutores respeitassem o Código de Trânsito Brasileiro e a
sinalização, os números de mortes e acidentes seriam bem menores”,
ratifica.

Vítimas
O tenente-coronel Paulo
Sérgio Braga Ferreira, comandante do Batalhão de Policiamento
Rodoviário Estadual (BPRE), também revela que houve um aumento do número
vítimas nos acidentes nas rodovias estaduais, apesar da redução no
total de acidentes. Nos sete primeiros meses de 2014, o BPRE
contabilizou 319 mortes contra 228 em igual período de 2013. Em relação
aos acidentes, foram registrados 2.077 este ano, enquanto que em igual
período de 2013 foram 2.113.

O comandante da BPRE explica que a
elevação nos dados é atribuída à imprudência dos condutores, como a
ultrapassagem perigosa, excesso de velocidade e o não uso do cinto de
segurança e do capacete, além da combinação álcool e direção.

O
balanço do Departamento Estadual de Trânsito do Ceará (Detran-CE) também
mostra um aumento das infrações por desrespeito à legislação. As multas
por dirigir sem habilitação ou em veículo não licenciado cresceu em
1.090 notificações na comparação aos seis primeiros meses deste ano com
igual período de 2013. As infrações por conduzir motos sem capacete
também aumentaram nestes meses, quando foram registradas 1.151 a mais do
que em 2013.

Conscientização
Na luta
contra essa imprudência no trânsito, um grupo em Fortaleza resolveu
aplicar “multas morais” para conscientizar os condutores. A ideia foi
definida pelo grupo Direitos Urbanos que convocou voluntários para ir às
ruas da Capital multar as irregularidades. A primeira ação ocorreu no
dia 26 de julho deste ano, e o grupo planeja uma segunda intervenção
para setembro.

O empresário Valder Cantídio, 45, explica que um
grupo começou a se mobilizar através da internet com intuito de promover
a fiscalização cidadã. O empresário aderiu a causa e revela que na
primeira ação mais de 90 multas foram aplicadas. As infrações mais
comuns são de estacionamento irregular.

Falar ao celular enquanto
dirige é outro exemplo de desrespeito ao código de trânsito flagrado
pelo grupo. A imprudência dos motoristas é registrada em uma “multa
moral” que além de indicar a irregularidade, sugere que o condutor doe
R$ 50 a uma instituição de caridade e prometa não repetir o erro.

Valder
revela que o projeto conseguiu patrocínio e mais de 10 mil multas foram
impressas, sendo alguns documentos enviados a Curitiba. Segundo o
empresário, das multas impressas, cinco mil já foram distribuídas para a
população de Fortaleza.

O próximo evento ocorrerá em setembro
durante as ações do Mês da Mobilidade promovido pela Associação dos
Ciclistas de Fortaleza (Ciclovida). Esse trabalho educativo também é
realizado pela Polícia Rodoviária Federal, que possui projetos para
conscientizar os motoristas, com palestras e campanhas.

Fonte: Diário do Nordeste