O candidato a governador de Cid e Ciro Gomes já está escolhido. Quando
eles voltarem da convenção nacional do PROS, no meio desta semana,
quarta-feira, podem fazer o anúncio de como se dará a escolha do
escolhido, prática bem ao modelo das antigas lideranças políticas que
reuniam seus liderados para decidirem o já decidido anteriormente por
elas, passando a ideia de ação coletiva ou democrática.
Os
candidatos à chefia do Executivo estadual cearense, pelo PROS, partido
aliado a mais de vinte outras agremiações, óbvio, nem-sequer conhecem o
critério estabelecido para a escolha do nome e continuam atônitos e
ansiosos.
Negar que o governador ainda não tenha o nome do
candidato a apoiar é querer subestimar a inteligência coletiva. O
respeito pelo cargo o impõe a fazer a melhor escolha. E não se escolhe
bem de inopino. Há três ou dois meses antes era possível que ainda
pairasse alguma dúvida sobre quem ele iria apontar.
Na última
eleição para a Prefeitura de Fortaleza, após o rompimento do governador
Cid Gomes (na época, ele ainda estava no PSB) com a prefeita Luizianne
Lins (PT), a escolha do candidato a prefeito de Cid, também por falta de
regras para a escolha, um dos candidatos acabou deveras frustrado.
Sinalização
Ele
fez uma mobilização entre políticos e até empresários para ter o seu
nome indicado e acabou assistindo Roberto Cláudio, o atual prefeito, ser
escolhido para disputar o cargo, sem ter se exposto, como, agora,
alguns pretensos postulantes à cadeira do governador estão fazendo, sem
dúvida, infrutiferamente, pois tais ações parecem não sensibilizar a
quem dirá a última palavra.
Só uma verdade os governistas dizem a
amigos e curiosos: o governador não fez qualquer sinalização a nenhum
deles. Nem dá abertura para conversas isoladas, com os seus liderados,
sobre a formação da chapa majoritária (governador, vice e senador).
Apesar
disso, três dos relacionados como pretendentes ao cargo (Domingos
Filho, Izolda Cela, José Albuquerque, Leônidas Cristino e Mauro Filho)
enxergam em cada gesto, olhar ou fala de Cid, a qualquer deles dirigido,
uma sinalização de ser ele o ungido.
Estão todos atormentados. E
com razão. Afinal estamos a oito dias da data limite para a realização
das convenções homologatórias das candidaturas. É um prazo muito exíguo
até para a elaboração do discurso aos convencionais e ao eleitorado,
para dar uma noção de suas ideias sobre as prioridades para governar bem
o Estado.
Um pronunciamento que o faça diferente da
trivialidade, capaz de transmitir confiança de estar preparado para
gerenciar um Estado com carências, maiores ou menores, em todas as suas
áreas de atuação imperativas.
O restante da chapa majoritária
governista (vice-governador e senador), ainda vai depender de
negociações, inclusive com a cúpula nacional do PT, incluindo-se o
ex-presidente Lula, sobre o nome do partido para o Senado, posto haver
resistência de ordem política quanto ao nome do deputado federal José
Guimarães.
Se o governador concentra a decisão da escolha do seu
preferido para disputar o Governo, mostrando uma força que nenhuma outra
liderança cearense demonstrou ter, também pela falta de musculatura de
vários dos pouco mais de vinte partidos que seguem a sua orientação,
como comprovam o silêncio ou os resmungos pelos cantos de alguns deles,
longe dos ouvidos do chefe, os seus poucos oposicionistas não
conseguiram ainda perceber que, isolados, vão continuar muito
enfraquecidos na disputa deste ano pelos cargos majoritários (governador
e senador) e proporcionais (Assembleia e Câmara Federal).
Luz
PMDB,
PR, PSDB e PSB, ao contrário dos governistas, ainda não têm suas chapas
por falta de nomes (só o PSOL com o PSTU formaram a sua). De há muito
defendíamos a união deles para permitir uma disputa realmente
competitiva, mas a vaidade, o egocentrismo e a falta de espírito público
fizeram-nos chegar a esse isolamento.
Eles não têm mais com quem
se coligar, senão entre si, agora por uma necessidade premente, com
sacrifício da candidatura de Roberto Pessoa (PR). Os dois últimos
partidos propensos a se enfileirarem com as oposições, PV e PRB já estão
com o Governo. Sentiram falta de firmeza na oposição para garantir
sucesso a alguns dos seus pretendentes a vagas no Legislativo, isso pela
indefinição dos líderes oposicionistas.
Agora, porém, parece
surgir uma luz no fim do túnel. O senador Eunício Oliveira (PMDB) e o
ex-governador Tasso Jereissati (PSDB) conversaram, no início da última
semana, mais explicitamente sobre a disputa cearense. Eles adiantaram os
entendimentos para marcharem juntos. Não ficou acertado é se Tasso vai
disputar a vaga de senador, até pelo fato de ele poder a vir ser
candidato a vice-presidente da República, na chapa do senador Aécio
Neves.
O PR de Roberto Pessoa também deverá fazer parte dessa
coligação. Pessoa conversa com Tasso sobre o assunto no início desta
semana, deveria ter sido na última sexta-feira. O entendimento de Tasso
Jereissati com o senador Eunício Oliveira garante um palanque para o
presidenciável Aécio Neves e, sem dúvida, dá um reforço à candidatura do
peemedebista Eunício.
Fonte: Diário do Nordeste
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