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Fiscalização do trânsito é precária na maioria dos municípios do Interior

Família inteira numa única moto é cena comum nos municípios (Foto: Honório Barbosa).

O problema do trânsito no Interior do Ceará é tão grave quanto a
falta de segurança pública. Na maioria das cidades, a fiscalização é
precária. Quem realiza o trabalho dos fiscais do trânsito é a Polícia
Militar. Os pátios das delegacias de Polícia e das unidades regionais do
Departamento Estadual de Trânsito (Detran) estão lotados e, a cada dia,
o número de veículos apreendidos, principalmente de motocicletas,
aumenta.


No Ceará, 52 cidades têm o sistema
de trânsito municipalizado, mas o serviço só funciona efetivamente em
cerca de dez delas. Conforme o Detran, mais de 17 mil acidentes foram
registrados no Ceará em 2013.

Nas cidades onde
existem autarquias ou departamentos municipais de trânsito os flagrantes
de impudência e infrações são mais frequentes nos fins de semana. Em
Quixadá e Quixeramobim não se vê agentes nas ruas aos sábados e
domingos. A Polícia Militar (PM) é quem está fazendo a fiscalização,
flagrando motoristas e motociclistas embriagados. Até pouco tempo antes
da chegada do Serviço de Atendimento Médico de Urgência (Samu) na
região, na maioria das vezes as vítimas eram socorridas pelas viaturas
da PM.

Nas zonas rurais a situação é mais grave. Até
crianças, algumas com menos de 10 anos de idade, pilotam motocicletas.
Outras, dirigem até ônibus escolares. As denúncias, anônimas, costumam
ser feitas através das emissoras de rádio. Os ouvintes reclamam da falta
de fiscalização e da irresponsabilidade dos pais. Outros acusam os
gestores municipais de solicitarem ao Governo do Estado a não realização
de blitz do Detran nos seus municípios. Os responsáveis pelas
autarquias e departamentos de trânsito contestam as denúncias e alegam
não terem efetivos suficientes para realização de blitz com mais
frequência.

Esse é o caso de Sobral. Com um
contingente de 13 agentes na Companhia de Trânsito e Transporte Urbano
(CTTU), a fiscalização na cidade trabalha principalmente com parcerias
entre coirmãs como a Policia Rodoviária Federal e Estadual, além de
órgãos municipais e empresas privadas para fiscalização do trânsito, de
acordo com o responsável pela CTTU, coronel Tadeu Araújo.

Segundo
ele, em dois anos, o crescimento da cidade causou uma explosão na frota
principalmente de motocicletas. “Esse crescimento de frota, hoje com
mais de 80 mil veículos, se considerarmos a frota flutuante, não
acompanhou o número de expedições de Carteiras Nacionais de Habilitação,
sendo hoje a condução de motocicletas sem carteira o maior problema do
trânsito no Município”.

Sobre o contingente
reduzido, o coronel explica que a expectativa é de, neste ano, o
problema seja solucionado, com a realização de concurso público.

No
Centro-Sul, o ano novo começa com um problema recorrente na maioria das
cidades do Interior do Ceará: a falta de fiscalização no trânsito e o
abuso diário de condutores de veículos que insistem em desrespeitar as
leis de trânsito. Quem percorre diariamente rodovias estaduais e as ruas
das pequenas cidades no sertão cearense se depara com cenas de motos
com três ou mais tripulantes, falta de uso de capacete, transporte de
crianças de colo, adolescente dirigindo e condutores sem habilitação. Na
cidade de Icó, por exemplo, o trânsito é municipalizado, mas falta
fiscalização. O risco de acidente é evidente. Na prática, os semáforos
instalados não são respeitados.


Também em
Russas, a precariedade na fiscalização de trânsito se dá pelo baixo
contingente de agentes de trânsito, segundo explicou o diretor adjunto
do Departamento Municipal de Trânsito (Demutran), Gilvan Gonçalves. De
acordo com ele, o município possui apenas 14 agentes, onde apenas quatro
fazem a ronda diariamente no Centro da cidade. A frota de veículos
licenciados no município é de 27 mil. Para o diretor, seria necessário
um agente para cada mil veículos. “Não seria o ideal, mas chegaria
perto”, conta.

Com o número reduzido de pessoal,
somente o Centro da cidade é fiscalizado, ficando a periferia exposta à
negligencia de condutores. Entre as infrações mais comuns estão pessoas
conduzindo motocicletas sem capacete e com o número excedente de
passageiros, chegando a três ou quatro pessoas numa moto.

Sem habilitação

A
zona rural também sofre com o problema, onde envolve embriaguez ao
volante, menores conduzindo motocicletas, alta velocidade, pessoas não
habilitadas e a não utilização do capacete. “Para um trabalho mais
efetivo no trânsito, tanto na zona urbana quanto na zona rural, seriam
necessários 50 agente efetivos. Estamos aguardando um concurso público
prometido pela prefeitura”, diz ele.

As
maiores infrações no trânsito em Crateús são estacionamento proibido na
zona urbana e na zona rural, menor ao volante, uso de descargas
adulteradas e excesso de velocidade, de acordo com informações do
Demutran. Na cidade a situação é regular; há guardas diuturnamente nas
ruas, especialmente na área central e moto-patrulhas circulam nas demais
vias. É na zona rural onde a situação é crítica, devido à imprudência
dos condutores que dirigem pelas ruas e estradas vicinais e a pouca –
quase inexistente – fiscalização.

Segundo o
Demutran, o contingente de agentes é insuficiente para fiscalizar sede e
zona rural. Nove agentes realizam o trabalho na sede. O órgão vai ao
Interior quando é acionado pela população ou em parceria com a Polícia
Militar.

“Na cidade, conseguimos equacionar
soluções, como uso de capacete, obediência às faixas de pedestres e
diminuição de menores ao volante. As pessoas estão mais conscientes. Na
zona rural não temos contingente para a fiscalização diária, nem
semanal. Colocamos sinalização nos distritos, mas fiscalizamos
eventualmente, após denúncias da população” diz o diretor do Demutran,
Severino Gomes.

Fonte: Diário do Nordeste

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