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Mucambo-Ce: Carqueijo Artesanato lançará nesta quarta-feira (17.07), seu primeiro documentário com o tema Empreendedorismo Social

Trabalho de artesanato para a comunidade de Carqueijo, em Mucambo, gerou documentário. Aos 16 anos, o artesão Gilmar Martins decidiu que essa era a profissão a seguir FOTO: WILSON GOMES

Amanhã, será lançado o primeiro DVD da Associação dos
Artesãos de Carqueijo, distrito localizado no município de Mucambo. O
documentário tem como tema Empreendedorismo Social e deve contar a
importância do artesanato para a comunidade. O evento será às 19h no
Centro de Artesanato Ana Sancho Martins.

De acordo com o presidente da associação, Gilmar Martins, o tema foi
escolhido por ter sido praticado antes mesmo dos envolvidos aprenderem
seu significado. O empreendedorismo social esteve presente na vida dos
artesãos há mais de 15 anos. “Ele é justamente o que fazemos na
comunidade: encontrar uma solução diante das dificuldades do nosso
Interior”, disse.

A diferença do empreendedorismo tradicional é a
maior procura pela maximização de retornos sociais ao invés dos
retornos financeiros. “Isso foi feito na comunidade desde 1996, quando
começamos a buscar melhorias para todos”, contou.

Antes, a
associação trabalhava apenas com a rede de três panos, uma rede que
levava até quatro dias para ficar pronta. Em um dia se tecia, nos outros
dois ou três, trabalhavam-se os acabamentos. Para venda, ela custava de
R$ 12 a R$ 15. O lucro era insuficiente e desestimulante principalmente
para a geração mais jovem, que não acreditava conseguir melhorar de
vida com o artesanato.

Com 16 anos, o artesão Gilmar Martins
decidiu que essa era profissão que iria seguir. “Quando vi que não ia
ter a altura necessária para servir a Marinha, meu sonho de criança,
busquei me aperfeiçoar na profissão por meio de cursos, principalmente
os levados pelo Sebrae e Centro de Artesanato do Ceará (Ceart) para
minha comunidade”.

Ao se casar, em 2000, ele contou que tinha
apenas duas opções, ou ir embora como a maioria dos jovens e novas
famílias fazia, ou trabalhar mais intensamente no artesanato.

Início difícil
Colocando
em prática os cursos, criou dois modelos de jogo americano que abriram
as portas para o Artesanato de Carqueijo no Estado. “Para que meu pai
levasse as amostras para Fortaleza foi difícil, pois tive que
convencê-lo de que o artesanato em fibras iria mudar a nossa realidade”,
ressalta.

O jogo americano criado pelo artesão é feito de fibras
naturais, como palha de bananeira e talisca de coqueiro, diferente do
que era produzido antes, cujo material era apenas fio de algodão e era
tecido no tear.

A coordenadora da Ceart na época, Josete Andrade,
recebeu o trabalho com entusiasmo o que resultou no primeiro pedido.
Foram 300 peças entregues à central.

“Mesmo com esse pedido, as
artesãs mais tradicionais não quiseram aprender o novo modelo, achando
que não fixaria como venda. Tive que confeccioná-los apenas com a ajuda
de minha mãe”, confirmou.

No segundo pedido, foram 600 peças e
também onde começou o interesse das demais artesãs. “No começo, foram
apenas mais duas, mas com a regularidade dos pedidos e a melhor
remuneração, pouco a pouco toda a comunidade se envolveu”.

Com
esse jogo americano, Gilmar começou a rodar as cidades cearenses dando
cursos para outras comunidades. Em Carqueijo, até os artesãos que haviam
parado de trabalhar no tear, pediram para voltar à ativa. “Com os
lucros dos cursos e vendas, reinvesti em teares melhores e materiais”,
afirmou.

Bananeira
Em 2002, já com um
número alto de pedidos, eles encontraram o primeiro de seus problemas. A
bananeira que era recolhida para ser jogada no lixo foi negada para os
artesãos. “Os cultivadores começaram a afirmar que sem a palha, não
havia mais adubo para as plantas”.

O problema foi contornado com a
troca de matéria prima. “Substitui a bananeira pela Taboa depois de ver
uma esteira em jumento feita desse material. Para consegui-lo, tive que
procurar em Massapê onde encontrei quem ainda é o atual fornecedor da
Associação”.

A partir desse ano e dessa mudança, pode-se
trabalhar em mais modelos e até em outros produtos. Hoje, no Centro de
Artesanato, são encontros os tradicionais jogos americanos, colchas,
toalhas de mesa, redes e todo o aparato de cama, mesa e banho, além de
baús produzidos também com a Taboa.

O nível de vida dos moradores
também melhorou, Gilmar conta que hoje mulheres que normalmente seriam
apenas donas de casa conseguem uma renda de até R$ 500,00.

“Dependendo
de sua produção, o valor pode ser até maior. O artesanato se tornou
atrativo por ter um horário de trabalho flexível entre cuidar da casa e
família, além de terapêutico”.

Há uma média de 35 artesãos fixos
além daqueles que trabalham durante a alta estação, nos meses de julho e
dezembro. Com a loja virtual inaugurada ano passado, o número de
pedidos vem aumentando de acordo com o investimento em marketing. Já
foram atendidos pedidos para Nova York, Portugal, Cabo Verde e outros
países.

Dentre os prêmios recebidos nesses anos, Gilmar destaca o
Prêmio Aliança e Empreendedorismo Comunitário e as três primeiras
edições do Top 100 de Artesanato do Sebrae. Muitas da vitórias Gilmar
destaca que foram graças a parcerias, como o Sebrae, Ceart e Prefeitura
de Sobral por meio da Secretaria de Tecnologia de Desenvolvimento
Econômico e as pessoas da atual Secretária Daniela Costa e do
ex-secretário da Pedro Aurélio Ferreira Aragão.

“Além das
parcerias para cursos e palestras, eles se lembram do trabalho da
Associação na hora de decorar espaços como a Casa do Artesão de Sobral,
nosso parceiro, e a sala da secretária”.

Mais informaçõesCentro de Artesanato Ana Sancha Martins. Rua São Joaquim, S/N,
Carqueijo-Mucambo.
Telefone: ( 88) 3654 4013
www.carqueijoartesanato.com.br

JÉSSYCA RODRIGUES
COLABORADORA 

Diário do Nordeste

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