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Maior onda de protestos no Brasil em 21 anos leva mais de 250 mil às ruas

Fachada do Congresso, onde ficam jornalistas, também foi tomada por
manifestantes no protesto em Brasília (Foto: Marcello Casal Jr/ABr)

Mais de 250 mil pessoas participaram de protestos em várias cidades
de norte a sul do Brasil nesta segunda-feira (17). A onda de protestos,
que nas últimas semanas tinha como foco principal a redução de tarifas
do transporte coletivo, ganhou proporções maiores e passou a incluir
gritos de descontentamento com várias causas diferentes. Houve registro
de confrontos e violência em Belo Horizonte, no Rio de Janeiro, em Porto
Alegre e em Brasília, onde manifestantes invadiram o Congresso
Nacional. É a maior mobilização popular do Brasil desde os protestos
pedindo o impeachment do então presidente Fernando Collor de Mello (hoje
senador), em 1992.

Além do Congresso Nacional, que foi
desocupado após cinco horas, grupos também invadiram a sede do governo
do Paraná e a Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro.

As
manifestações começaram, em sua maioria, de forma pacífica, mas houve
agravamento da tensão no final da noite, com grupos de manifestantes
partindo para ações mais radicais.

No Rio de Janeiro, houve
confronto com policiais. Mais de dez pessoas ficaram feridas nos
confrontos nas ruas, duas delas a tiros. Manifestantes invadiram a
Assembleia Legislativa do RJ e mantiveram 20 policiais militares como
reféns. Eles também estavam feridos. A Tropa de Choque da PM retomou o
prédio à força. Segundo estimativas da Coppe/UFRJ, 100 mil pessoas
participaram dos protestos no Rio. Policiais tentaram dispersar
manifestantes com o uso de bombas de gás lacrimogêneo. Manifestantes
fizeram barricadas com fogo. Houve depredação na Assembleia Legislativa
do Rio de Janeiro. Um carro foi incendiado por um grupo de manifestantes
e explodiu.

Em São Paulo, manifestantes tentaram invadir a sede
do governo, no Palácio dos Bandeirantes. Um portão chegou a ser quebrado
no local por volta das 23h, mas a Tropa de Choque da PM impediu a
entrada do grupo. Na manifestação de São Paulo, que reuniu 65 mil
pessoas (segundo medição do instituto Datafolha) na zona oeste e na zona
sul da cidade, por exemplo, ouviam-se gritos de ordem contra a
presidente Dilma Rousseff (PT), contra o governador Geraldo Alckmin,
faixas contra o uso de dinheiro público nas obras da Copa, protestos
contra a PEC 37 (proposta de mudança de legislação que tira o poder de
investigação do Ministério Público), contra corrupção e violência, por
educação melhor e redução do custo de vida e pedindo melhores serviços
públicos em geral. “O povo unido jamais será vencido”, entoava um coro
de milhares de manifestantes na avenida Faria Lima por volta das 20h.

Os
protestos de São Paulo, em seu quinto dia, também mostraram que houve a
adesão de outros setores da sociedade. Não mais apenas estudantes,
ativistas e militantes políticos estavam nas ruas nesta terça, mas houve
relatos de pessoas que resolveram participar do protesto atraídos pela
divulgação e pelos comentários nas redes sociais. Por exemplo,
houve gente que levou a família para participar dos atos em São Paulo.

Em Maceió, um adolescente de 16 anos foi atingido por um tiro durante a manifestação.

O
número de participantes em todas as manifestações, que ocorreram em
mais de 20 cidades, pode ser bem maior, pois em nem todas foi
oficialmente divulgado o total de público.

Multidão
Em
algumas cidades, o protesto foi convocado “em solidariedade” às vítimas
da violência nos atos de quinta-feira passada (13) em São Paulo, quando
pessoas que não participavam dos protestos e até jornalistas foram
atingidos e feridos por disparos de balas de borrachas da Tropa de
Choque da PM.

Veja a estimativa de participantes em algumas das cidades em que houve protestos nesta segunda:

Rio de Janeiro – 100 mil

São Paulo – 65 mil

Belo Horizonte – 30 mil

Belém – 13.000

Curitiba – 10.000

Salvador – 10.000

Brasília – 5.000

Porto Alegre – 5.000

Maceió – 2.000

Santos (SP) – 1.500

Fonte: UOL

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