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Fósseis de animais encontrados no município de Pacujá é dos mais antigos e raros do País.

Sítio paleontológico no município de Pacujá, com moldes dos animais mais primitivos do planeta

Registros das espécies animais mais antigas do mundo, anteriores aos dinossauros, já foram encontrados no Ceará, como pouco se tem conhecimento no Brasil. Viveram há 540 milhões de anos. Quando se completa dez anos que os fósseis desses animais foram encontrados por moradores do município de Pacujá, na Zona Norte (ainda sem saber do que se tratavam), os estudos que referendam o achado como um dos mais antigos e raros já encontrados no Brasil foi referendado pela Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) e apresentado, neste mês, à comunidade científica internacional, no Estado do Mato Grosso do Sul.

Paleontólogos do mundo inteiro estiveram reunidos, na semana passada, em Corumbá (MS), para discutir sobre os estudos na área e conhecer as mais recentes pesquisas. Uma delas consiste na apresentada pelo recém-doutor em Paleontologia Rony Barroso, que decidiu investigar a temporalidade dos fósseis da fauna de Ediacara, atualmente expostos no Museu Dom José, em Sobral.

Os fósseis foram encontrados em 2010 pelos moradores Antonio Alancardé Leopoldino e Moura Oliveira que os apresentaram à dra. Somália Viana, professora da Universidade Estadual Vale do Acaraú (UVA) e coordenadora do Laboratório de Paleontologia. Mas somente após os estudos do cearense Rony Barrroso e dos pernambucanos Mário Lima Filho e Sonia Agostinho que os espécimes foram identificados como elementos da fauna de Ediacara, representando uma das primeiras ocorrência no Nordeste do Brasil – há registros de ocorrência brasileira também no Mato Grosso do Sul.

“Ficamos muito felizes com o achado, que corrige a informação anterior. Quando foi encontrado, sabia-se que era antigo, mas não se esperava que fosse da fauna de Ediacara, portanto, os mais antigos ainda”, afirma Rony Barroso, doutor em geociências pela Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), que fez o trabalho em cooperação com a Universidade Estadual Vale do Acaraú ao lado da Professora doutora Somália Viana, a mesma para quem os fósseis foram apresentados em 2010 pelos moradores de Pacujá que o acharam.

Rochas
com animais fossilizados foram encontradas em 2003 por moradores de
Pacujá. Sete anos depois, constatou-se serem de animais que viveram há
540 milhões de anos. Estudo foi apresentado à comunidade científica FOTO: DANIEL MADEIRA


Raridade

Conforme Rony Barroso, a fauna de Ediacara corresponde a
pequenos animais enigmáticos e representa o aparecimento dos primeiros
organismos multicelulares na história da Terra, nomeada pela mais famosa
localidade, as Montanhas de Ediacara, no Sul da Austrália. Esta fauna surge em
um tempo chamado de Neoproterozóico (aproximadamente há 570 milhões de anos) e
se extingue totalmente no Cambriano (há 540 milhões de anos). É registrada em
mais de trinta localidades, das quais, as quatro mais estudadas situam-se na
Austrália, no Canadá, na Rússia e na África do Sul. 

Naquela época, um super continente  (o Gondwana) reunia terrenos da América do
Sul, África, Antártica e Austrália, cujas condições ambientais litorâneas foram
responsáveis pelo desenvolvimento de um dos grandes eventos biológicos: o
aparecimento dos primeiros seres invertebrados.

Tamanho

Os representantes da fauna de Ediacara geralmente têm poucos
centímetros, com alguns poucos gigantes medindo mais de um metro de
comprimento. “Eram animais de corpo mole, gelatinoso, sem esqueletos,
apresentando formas de discos, frondes e formas segmentadas, bem diferentes dos
animais que conhecemos hoje”, afirma o paleontólogo Rony Barroso.

A extinção desta fauna antecede o surgimento dos animais
marinhos modernos que apresentam conchas, carapaças protetoras, esqueletos e
garras afiadas. Isso é bem diferente dos animais de Ediacara que tinham um
corpo gelatinoso.

Rochas

A maioria dos fósseis ediacaranos são impressões em areia
grossa, sob condições de alta energia em ambientes marinho raso que teria
soterrado os animais acidentalmente. Um pouco mais tarde, essas areias
transformaram-se em rochas (os arenitos), atualmente com cerca de 560 milhões
de anos, conforme estudos avançados.

O material faz parte da bacia sedimentar do Jaibaras, nas
proximidades da cidade de Pacujá com o distrito de Jaibaras, em Sobral, onde se
encontrou o animal fossilizado.





 
Fonte: Diário do Nordeste
MELQUÍADES JÚNIORREPÓRTER

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