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Igrejas católicas tornam-se alvo de assaltos nos municípios cearenses

Igreja Nossa Senhora da Penha, no Crato, existem seguranças que foram
contratados por fiéis da paróquia para os dias das missas ea Igreja do
Menino Jesus, em Sobral, onde a Diocese admite que só é possível abrir
durante os rituais (Foto: Roberto Crispim e Jéssyca Rodrigues)

A insegurança chegou às igrejas do Interior. Registro de furtos
e roubos de objetos sacros, equipamentos e instrumentos ocorrem em
todas as regiões do Estado. Os ladrões não respeitam mais os templos
religiosos que precisam reforçar segurança, fechar portas fora dos
horários de celebração, contratar vigias, seguranças e instalar grandes
em seu entorno.

Nas cidades de Crateús, na região
dos Inhamuns, e de Russas, no Vale do Jaguaribe, por exemplo, os
assaltos aos templos religiosos intensificaram-se nos últimos dois anos.
A violência começa migrar com mais intensidade das ruas, do comércio,
para dentro dos templos religiosos. Os padres mostram-se preocupados e
têm uma avaliação comum: “Os ladrões não respeitam mais a Casa de Deus.
Perdeu-se o temor”.

Em Crateús, três igrejas já
sofreram violações. A Igreja de Nossa Senhora de Fátima, no bairro
Venâncios, foi assaltada cinco vezes, sendo três ocorrências em 2012 e
duas neste ano. A Igreja de Santa Terezinha registrou um roubo no ano
passado. O último caso ocorreu na madrugada do dia 12 passado, na Igreja
de N. Sra. do Perpétuo Socorro, no Distrito de Montenebo, onde homens
invadiram o templo no primeiro dia dos festejos da padroeira e levaram
equipamentos de som e dinheiro de doações dos fiéis. Na Igreja de N.
Sra. de Fátima, os assaltantes levaram, materiais doados pelos fiéis
para um leilão e valores em dinheiro. Arrombaram a janela de madeira e
entraram no local. Depois do episódio, o cofre da igreja fica sempre
vazio. “Arrombaram o cofre que agora fica sem dinheiro”, afirma Ana
Maria Oliveira, servidora da paróquia.

Nos assaltos
seguintes, levaram até o terço da imagem principal de Nossa Senhora de
Fátima. Para conter os assaltos, a igreja substituiu algumas janelas por
vitrôs – feitos de ferro e vidro – na esperança de dificultar a ação
dos infratores.

Na Igreja de Santa Terezinha os
elementos agiram na Capela do Santíssimo Sacramento. Violaram o local em
busca dos cálices e âmbulas. Levaram os objetos sagrados e, inclusive,
hóstias consagradas. O imóvel que está em construção foi reforçado com
varandas nas laterais, a fim de dificultar roubos.

Em
Quixeramobim, no Sertão Central, o ataque à Igreja Matriz de Santo
Antônio, em agosto, é mais um exemplo da falta de segurança nos tempos
religiosos católicos. As investidas de malfeitores, principalmente de
usuários de drogas, desocupados e vândalos, estão se tornando
constantes.

O padre Ribamar Filho, responsável pela
Paróquia Jesus Maria José, em Quixadá, confirma. “O jeito foi colocar
grades no entorno da igreja, mesmo contrariando a vontade de boa parte
dos fiéis”, disse o religioso.

O padre Ribamar Filho
revelou que já foi buscar até a toalha do altar em uma “boca de fumo”.
Apesar da instalação das grades, as tentativas de arrombamento continuam
e já houve esforço para arrancar o cofre da igreja, mas acabaram
desistindo. Os prejuízos para o acervo religioso não são maiores porque
as peças de maior valor não ficam mais expostas.

Em
Russas são frequentes as ações de ladrões em algumas igrejas do Centro
da cidade. De acordo com o responsável pela Paróquia Nossa Senhora do
Rosário, padre Marcos Augusto, só este ano já foram cerca de dez
invasões a igrejas.

“Essa situação já vem nos
preocupado há algum tempo, estamos vendo a possibilidade de instalar
câmeras de monitoramento para tentar melhorar a segurança, mas o
equipamento é muito caro”, lamentou.

Segundo ele, os
principais alvos são a Igreja Matriz N. Sra. do Rosário e o Santuário
N. Sra. de Fátima. Nas ações, foi levado o dinheiro das ofertas dos
fiéis. O pároco também afirmou contabilizar prejuízos com arrombamento
de portas. “O que eles costumam levar é tão pouco que acredito que sejam
pessoas viciadas em crack que utilizam desse dinheiro para comprar
drogas”.

Na semana passada, a capela na comunidade
de Lagoa Escura foi assaltada por bandidos e na ação foram levadas as
cadeiras e todo o equipamento de som.

Cariri

Na região do Cariri, a segurança nas
igrejas tem sido uma das preocupações, principalmente nos locais de
maior movimentação de fiéis, a exemplo de Juazeiro do Norte. Nos últimos
anos, há tranquilidade nos templos católicos. O último registro de
assalto a objetos sacros ocorreu na Basílica de N. Sra. das Dores, em
2007. Uma peruca da imagem de Jesus dos Passos, um manto e a Coroa de
Espinhos foram levados de dentro da igreja, e mesmo com uma campanha de
apelo não foram devolvidos.

Os artigos foram trazidos pelo Padre
Cícero da Europa e eram considerados relíquias históricas. Ainda se
alegou não haver um valor financeiro. Mas, foi exatamente nesse período
que se buscou fortalecer a segurança de um dos templos mais movimentados
da região. Câmeras foram instaladas na área interna e externa da
igreja.

Durante a romaria de N. Sra. das Dores, é reforçada a
segurança, incluindo a área do Museu Paroquial, como também na parte
externa com agentes da Guarda Municipal e da Polícia Militar. “Não temos
nos últimos anos registro de furtos e roubos, apesar da intensa
movimentação”, explica o padre Joaquim Cláudio, vigário da Basílica.

Os
dirigentes da Igreja de São Vicente Ferrer, Santuário Eucarístico
Diocesano, no Centro do Crato, também, sofrem o medo de roubos e
assaltos. As ações de criminosos acontecem tanto no interior do templo
religioso, como em suas imediações.

Há cerca de dois anos, um
assalto foi registrado na secretaria da igreja. Armados, os bandidos
levaram dinheiro, além de imagens de santos e alguns terços. Houve
pânico por parte dos funcionários. Furtos ainda acontecem no local. “No
início da semana, um homem arrombou o cofre das oferendas. Até o
confessionário já foi arrombado”, comenta o sacristão da igreja, João
Leite Oliveira, conhecido por Joãozinho.

Na tentativa de diminuir
o número de delitos, foram instaladas 12 câmeras de segurança na área
interna. Destas, quatro possuem sistema de filmagem em infravermelho.
“Nós também contamos com a colaboração da comunidade que, através de
doações, auxiliam no pagamento de um segurança privado”, informa o
sacristão.

Centro-Sul

Na região
Centro-Sul do Ceará, o mais recente registro de furto de objetos de
igrejas, ocorreu no ano passado, quando foram levadas as joias que
adornavam a imagem de N. Sra. Aparecida, exposta em um nicho na Igreja
Matriz de N. Sra. do Perpétuo Socorro, no bairro Prado, em Iguatu.
Apesar da aparente tranquilidade, os padres dizem que é preciso estar
sempre vigilante e reforçar a segurança.

“Não podemos nos
descuidar”, disse o vigário geral da Diocese de Iguatu, padre Afonso
Queiroga. “Existem os oportunistas que aproveitam a ocasião e levam
instrumentos, equipamentos ou objetos sacros”. O furto das joias da
imagem da Padroeira do Brasil ocorreu durante a noite e só foi
descoberto no dia seguinte. “A gente suspeita que o ladrão ficou
escondido dentro da igreja e saiu na madrugada. Ele quebrou o vidro e
teve fácil acesso às jóias”.

Havia brincos e cordões de
ouro de significativo valor econômico que foram doados por devotos
católicos para adornar a imagem de N. Sra. Aparecida. Há cerca de cinco
anos, foi furtado um violão elétrico também da Igreja Matriz no Prado,
depois do ensaio do grupo de cântico e animação das celebrações.

No
dia a dia, a maioria das igrejas permanece fechada. É uma medida de
segurança. Poucos são os templos que ficam abertos além dos horários das
celebrações de missas, adoração, casamento e batizados. “A gente só
expõe microfone e objetos sacros como cálices na hora da celebração”,
disse o padre Carlos Roberto Alencar, da Matriz de Sra. Sant´Ana em
Iguatu.

Na Zona Norte do Estado o último relato de assalto
relacionado com a Igreja foi em março, quando o padre Bosco Linhares foi
assaltado quando saia de uma celebração na Igreja da Ressurreição. Na
ocasião, os bandidos levaram R$ 20,00 e o padre enfrentou momentos de
susto e apreensão. Não há registro de arrombamentos.

O vigário
geral da Diocese de Sobral, padre Gonçalo de Pinho Gomes, lamentou o
fato de que as igrejas não podem ficar mais abertas diariamente como no
passado, pois o risco é constante diante da insegurança.

“Vez ou
outra temos registros de furtos de aparelhos de som e de outros
instrumentos, por isso é preciso ter proteção, grades de ferro e
segurança”.

Mais informações
Cúrias Diocesanas: Iguatu, (88) 3581. 0731; Crato, (88) 3521. 1110
Quixadá, (88) 3412. 0548; Crateús,
(88) 3691. 2366; Sobral, (88) 3611. 0545; Limoeiro, (88) 3423.1171

Fonte: Diário do Nordeste

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