A Fundação Cearense de Meteorologia e Recursos Hídricos (Funceme) prevê
chuva mais significativa para o Estado do Ceará neste fim de semana. De
acordo com a meteorologista Cláudia Rickes dois sistemas estão atuando
sobre o Estado e podem provocar precipitações em todas as regiões: o
Vórtice Ciclônico de Altos Níveis (VCAN) e a formação de áreas de
instabilidade atmosférica provenientes do Oceano Atlântico.
O
Ceará vive a expectativa de ocorrência de intensa chuva durante a quadra
invernosa, que começou neste mês e se estende até maio, para a recarga
dos reservatórios. Atualmente, o volume médio dos 144 açudes monitorados
pela Companhia de Gestão dos Recursos Hídricos (Cogerh) é de apenas
29,83%.
Início
Fevereiro é o primeiro mês
da quadra chuvosa no Ceará e o principal sistema atmosférico causador
de precipitações é a Zona de Convergência Intertropical (ZCIT), que são
nuvens provocadoras de chuva. “Nos últimos dias, a Zona de Convergência
Intertropical, que está dividida em dois ramos, aproximou-se um pouco
mais da costa do Nordeste”, explicou Cláudia Rickes. As ocorrências
verificadas nos últimos dias não têm relação com a ZCIT, e sim com o
sistema atmosférico VCAN.
A partir da segunda quinzena de
fevereiro, a Funceme terá informações para comparar as condições
meteorológicas do mês de janeiro em relação ao mês de dezembro e avaliar
se houve alguma mudança nas condições oceânicas e atmosféricas que
possam indicar uma alteração do prognóstico anterior.
O primeiro
boletim divulgado pelo órgão com prognóstico de chuva para o trimestre
(fevereiro, março e abril) foi realizado em 21 de janeiro passado, com
40% de probabilidade das precipitações ficarem abaixo da média
histórica. A chance de chuvas acima da média é de 25% e dentro da média é
de 35%.
Houve uma diminuição das chuvas verificadas ontem em
comparação com os dias 3 e 4 passados. A Funceme registrou precipitações
em 15 municípios. A maior delas, ocorreu em Aurora (68mm); seguida de
Ipaumirim (28mm) e Amontada (21mm). Em Itapipoca, na zona Norte, foram
registrados 18mm; e em Salitre, no Sul do Estado do Ceará, 17mm.
A
precipitação de 180mm registrada no município de Farias Brito há três
dias contribuiu para que o Rio Jaguaribe, por meio do afluente, Rio
Cariús, recebesse a primeira recarga de água após dois anos de estiagem.
Aos poucos a água já começa a chegar ao Açude Orós, o segundo maior
reservatório do Ceará.
A travessia de veículos entre as
localidades de Penha e Gadelha, na zona rural de Iguatu, nas margens do
Rio Jaguaribe, passou a ser feita nos últimos dois dias por meio de duas
pequenas balsas. A chegada da água atraiu curiosos. A passagem de moto
custa R$ 2,00 e de pedestres, R$ 1,00. O movimento é intenso.
O
produtor rural, Antonio Souza, contou que prefere fazer a travessia
utilizando a balsa a seguir pela CE 060, por meio da ponte rodoviária
sobre o Rio Jaguaribe. “É bem mais longe”, disse. Os donos das balsas
estão satisfeitos com o movimento, mas preferem não falar o valor
apurado com o serviço.
Diariamente, o Comitê da Seca faz
avaliação do nível dos reservatórios no Estado do Ceará e das condições
de abastecimento de água para o consumo humano. Segundo a entidade,
praticamente ainda não houve recarga.
Elevação
Depois
de precipitações dos últimos oito dias, ocorreu uma elevação mínima no
volume médio de 29,77% para 29,83% em 61 açudes dos 144 monitorados pela
Cogerh. Alguns decorreram de precipitações e outros de transferência de
água.
O diretor de Operações da Companhia, Ricardo Adeodato,
destaca que as ações estão sendo planejadas com base em um cenário que
não ocorra recarga nos reservatórios. “O processo é dinâmico e varia
entre os municípios e o sistema de abastecimento. A prioridade do
governo é para o abastecimento humano. O esforço é para não deixar
faltar água em nenhuma comunidade”, explicou. Até maio, os olhos dos
cearenses estarão voltados para o céu, na esperança de intensas chuvas.
Fonte: Diário do Nordeste
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