O último dia para os candidatos solicitarem o registro da
candidatura no Tribunal Regional Eleitoral encerrou-se no dia 5 de julho (FOTO: RUI NÓBREGA). |
As candidaturas de Raimundo Vieira, Maria Nazareth e de Aline Rodrigues aos cargos de deputado estadual e federal poderiam ser tratadas pelos eleitores como qualquer das 808 solicitações de registros formalizadas junto ao Tribunal Regional Eleitoral (TRE), mas nenhum dos três postulantes utilizará nas urnas o verdadeiro nome.
Me ajuda aí (PSC), Katiroba (PTC) e Macaco Tião (PHS) é como eles querem ser conhecidos na campanha e ter os nomes na urna eletrônica, tentando repetir o feito de Aonde É (PTC) no pleito de 2012, que chamou atenção pelo apelido e conseguiu ser eleito vereador de Fortaleza.
O vereador Aonde É tentará, inclusive, buscar uma vaga na Assembleia Legislativa na disputa deste ano. Além do parlamentar e de Katiroba, o PTC coleciona outras candidaturas com apelidos curiosos. Glauciano Freitas aposta na alcunha de Cabeça, enquanto João Benevides confia em um adjetivo para angariar mais votos ao registrar o nome para a urna como “Benevides, o generoso”.
A utilização de adjetivos são, inclusive, uma estratégia comum entre os candidatos. Jurandir Alves de Lima, por exemplo, concorre ao cargo de deputado estadual pelo PV, mas o apelido que aparecerá na urna será “Lindão”.
Tibinha
A lista de candidaturas com nomes curiosos ainda conta com os registros de Ernesto Veia Cômica (PSB), Bob Sigth (PSC), Meme (PDT), Scarcela (PPS), Louro da Aldeia (PSDC), Agamenon Homem da Cadeira (PTN), Zé Macedo – Acorda Cedo (PTN), Perereca do Alumim (PV), entre outros apelidos presentes na relação do Tribunal Eleitoral para o pleito deste ano.
O humorista Lailton Rocha Melo também endossa a lista ao registrar o nome de seu personagem, Lailtinho Brega (PRTB), como candidato a deputado federal. A relação apresentada à Justiça Eleitoral pelas coligações, os partidos, e alguns individuais ainda conta com as candidaturas curiosas do Papai Noel (PMN), Tibinha (PCdoB), Titica (PSC), Paderin do Montese (PTN), Bidonga (PSDC), Adriano do Vale-Vaqueiro Ioio ( PSB) e da Lora do Espetinho (PV).
A defesa de uma candidatura próxima ao povo é uma outra estratégia utilizada pelos postulantes. Numa relação do mesmo partido para a disputa de deputado federal, é possível encontrar as candidaturas de Rodrigues do Povão e de Haroldo do Povo, ambos do PTC.
Curiosos
A professora de ciência política, Carla Michele Quaresma, do Centro Universitário Estácio do Ceará, afirmou que a presença de candidatos originários de cidades menores do Interior do Estado amplia o número de candidaturas registradas com nomes curiosos. A intenção, segundo a especialista, é permitir que a eleitorado desses municípios tenha maior facilidade para identificar quem é o postulante ao cargo de deputado estadual ou federal.
“Quanto mais localizado esse voto, mais é comum a utilização do apelido. É uma forma de utilizar esse nome como capital simbólico para a atração do voto. O candidato tenta utilizar o nome que a população conhece, porque o povo, muitas vezes, nem associa o candidato ao nome que está na certidão. No Interior, é algo muito comum. Você tem que se utilizar disso para garantir a adesão”, esclareceu.
Já o cientista político Thiago Sampaio, da Universidade Federal do Pampa, no Rio Grande do Sul, ressaltou que os candidatos identificados com apelidos são mais comuns nas eleições para vereador, mas também são encontrados nas disputas de outros cargos.
Thiago Sampaio ressaltou também ser muito comum que os candidatos se aproveitem da profissão ou atividade que exercem para tornar uma associação mais fácil com os eleitores. “O objetivo é para transmitir maior confiança. O fato que é pastor ou padre o torna mais próximo com eleitor e facilita o contato”, destacou o cientista político.
Patentes
A candidatura de Francisco Alves poderia passar despercebida pela população que reside no seu principal reduto eleitoral, mas o postulante a deputado estadual pelo PTC preferiu evitar esse problema ao fazer referência à profissão, registrando-se como “Francisco da Padaria”. Já Ribamar Viana (PTN) participará do terceiro pleito consecutivo para deputado federal, mas o nome que aparecerá na urna será “Ribamar do Hospital“.
Alguns outros nomes preferiram utilizar o cargo que ocupam e pleiteiam. O deputado estadual Sineval Roque (PROS), que teve o pedido de registro impugnado pelo Ministério Público Eleitoral, solicitou ao TRE que ele seja identificado apenas como Deputado Roque.
A professora Carla Michele Quaresma também citou ser comum a relação de candidatos que fazem referência à família para obter capital político. “Muitos candidatos utilizam, por exemplo, o sobrenome da família”, apontou. Vereador em Assaré, Bruno Ferreira (PSB), concorre ao cargo de deputado estadual, mas solicitou registro junto ao TRE como “Bruno de Seu Gino”. A referência é ao nome do pai dele, Higino Ferreira.
A presença de candidatos identificados como pastores, médicos, militares ou professores também é comum na relação do TRE para o pleito deste ano. A lista apresenta 32 candidaturas registradas com o título de professor nos nomes e outros 27 referendados como doutores. A lista ainda tem 15 postulantes ligados à religião, explicitados como pastores ou irmãos, e mais 11 com referência a patentes militares, como cabos e capitães.
Registros
Os processos com os pedidos de registro de candidatos relativos a cada coligação foram divididos entre os juízes do TRE que figurarão como relatores. O desembargador Antonio Abelardo Benevides Moraes ficou responsável pela análise de processos relativos à coligação estadual “Renove e comprove”, à federal PTC/PEN/PV/PTdoB/PRTB/PMN/PPL e às candidaturas proporcionais estaduais do PCdoB, que não se coligou nesse âmbito.
Já o juiz Cid Marconi Gurgel de Souza deverá apreciar ações relativas a todas as candidaturas do PSB, proporcionais e majoritárias, além do âmbito estadual do PSC e do PTC. O juiz Francisco Mauro Ferreira Liberato, por sua vez, é responsável por processos da coligação para deputado federal PMDB/PSC/PR/PRP/PSDB e da PEN/PRTB/PPL, para deputado estadual.
Os registros de candidatura da coligação “Para o Ceará seguir mudando”, encabeçada pelo candidato ao Governo Camilo Santana (PT), serão analisados pela juíza Joriza Magalhães Pinheiro. Ela deverá se debruçar também sobre os pedidos de registro das coligações estaduais PP/PTdoB/PMN e PRB/PT/PTB/PSL/PHS/PV/PSD/SD/PROS.
A coligação “Ceará de todos”, encabeçada pelo senador Eunício Oliveira (PMDB), terá os pedidos de registro analisados pelo juiz Luís Praxedes Vieira da Silva, que ficou incumbido também dos processos relativos aos registros de candidaturas da coligação estadual PMDB/PR/DEM/PRP/PSDB e os candidatos a deputado estadual do PDT.
Já o juiz Manoel Castelo Branco Camurça irá analisar todos os pedidos de registro de candidatura de todos os candidatos da coligação “Frente de Esquerda Socialista”.
Fonte: Diário do Nordeste
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