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Segundo a Cagece, 23% da água se perdem entre captação e entrega nas casas

Fortaleza e os municípios da Região Metropolitana são abastecidos
pelo sistema Pacajus, Pacoti, Riachão e Gavião, que são interligados
(FOTO: FABIANE DE PAULA)

Apesar de o Ceará atravessar o terceiro ano consecutivo de seca e de
toda a preocupação da sociedade e do poder público em relação ao
comprometimento do abastecimento de água no Estado durante os próximos
anos, 23% do volume de água tratado pela Companhia de Água e Esgoto do
Ceará (Cagece) se perde no caminho entre a captação nas estações de
tratamento até chegar nos domicílios, o que representa um desperdício de
85 milhões de metros cúbicos (m³) só no ano passado.

Em 2013, foram consumidos 369,8 milhões de m³ de água em todo o Estado,
enquanto na Capital o consumo foi de 234,5 milhões de m³. De janeiro a
abril deste ano, o gasto no Ceará foi de 122,6 milhões de m³, o que
representa aumento de 1,6% em relação a igual período do ano passado,
quando foram consumidos 120,7 milhões de m³.

Josineto Araújo, diretor de Operações da Companhia explica que essa
perda se dá em decorrência de vazamentos que aparecem ao longo da rede,
ligações clandestinas, uso indevido pelos chamados “gatos” – que
representam roubo da água e ocupações familiares que fazem ligações com a
tubulação da Cagece. “Essa água não está sendo perdida, porque alguém
está usando, mas o uso é indevido, uma vez que ela não é paga”,
enfatiza.

Como não pode estar dentro de cada domicílio, a Cagece não tem como
mensurar quanto de água está sendo desperdiçado pela população. Mas, o
diretor de Operações do órgão chama a atenção para o uso racional da
água, evitando o desperdício.

“Não é deixar de usar, porque a água é um bem essencial, mas é preciso
que as pessoas tenham consciência e só utilizem água para atividades que
realmente são necessárias. A gente sempre pede à população que entenda
que estamos passando por um período de estiagem e, por esse motivo,
temos que preservar a água, fazer uso consciente, evitando o desperdício
para que no futuro não falte para nós e nem para as gerações que
virão”, diz.

 
Armazenamento

O Ceará possui 29,8% de volume de água armazenado, o que equivale em
volume a 53,6 bilhões de m³ de água. Essa é a média dos 149
reservatórios do Estado. Fortaleza e os municípios da Região
Metropolitana são abastecidos pelo sistema Pacajus, Pacoti, Riachão e
Gavião, que são interligados.

Porém, em períodos críticos como o que o
Estado atravessa, esse sistema não consegue, sozinho, dar garantia de
abastecimento de água para essa região. Por isso, estão sendo utilizadas
as reservas hídricas do Açude Castanhão.

Para agravar a situação, o Açude Castanhão acumula o menor volume de
água dos últimos dez anos (36%) – equivalente a 2,4 bilhões de m³ de
água, dos 6,7 bilhões de m³ que o reservatório pode armazenar. Ainda
assim, a Cogerh garante que ele tem capacidade de abastecer a Capital,
Região Metropolitana e o Complexo Portuário do Pecém em 2014 e todo o
ano que vem.

 
Segurança

Berthyer Peixoto Lima, chefe de gabinete da Companhia de Gestão dos
Recursos Hídricos (Cogerh) esclarece que a estimativa do órgão é de que
toda a demanda, ou seja, o consumo de Fortaleza e Região Metropolitana,
da Estação de Tratamento da Água (ETA), do Açude Gavião e do Complexo
Portuário do Pecém, que atende através do Eixão das Águas, seja em torno
de 800 milhões de m³. Portanto, se o Castanhão está com 2,4 bilhões de
m³, ele entrará 2015 com 1,6 bilhão de m³. Dessa forma, mesmo sem quadra
chuvosa, esse volume dará segurança hídrica para 2014 e todo o ano que
vem.

Além do Castanhão, uma segunda reserva hídrica seria o Açude Orós, que
acumula volume de 1 bilhão de m³ de água. No entanto, ele só seria
acionado caso o Castanhão não possa mais dar esse aporte. O chefe de
gabinete da Cogerh acrescenta que existe ainda um prognóstico de que o
governo Federal entregue o projeto de transposição das águas da Bacia de
São Francisco para o Ceará. Caso seja efetivado em 2015, o Estado terá
água entrando no Açude Castanhão, o que segundo o gestor garantiria
total segurança.

Mas, a preocupação maior é com algumas regiões do Interior, como a dos
Inhamuns e do Sertão Central. A Bacia do Curu, por exemplo, está com
apenas 4% de volume armazenado. Berthyer Lima informa que o Governo tem
um plano de contingência formado pelo tripé com atendimento de carros
pipa para pequenos distritos, outra com abertura de poços profundos e
uma terceira chamada adutoras de montagem rápida, que objetiva levar
água de uma região que tem disponibilidade hídrica para outra que esteja
com escassez.

 

Fonte:Diário do Nordeste/Luana Lima

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