Em 2014, das 1.848 ocorrências da doença, 690 foram no Ceará, o que representa 37,33% do total de casos |
Os casos de sarampo no Ceará representaram mais de um terço dos registrados em toda a América em 2014. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), o continente americano teve 1.848 pessoas com a patologia. Destas, 690 estavam em território cearense, de acordo com o boletim da Secretaria da Saúde do Estado (Sesa-CE), o que corresponde a 37,33% de todas as confirmações. Em 2014, o Brasil chegou a registrar 724 pacientes. Além do Ceará, também foram diagnosticados casos em Pernambuco (24), Rio de Janeiro (3), e São Paulo (7).
Em boletim epidemiológico divulgado ontem, a Sesa-CE confirmou que, até o momento, mais 27 manifestações de sarampo foram confirmadas no Ceará em 2015. Outros 51 casos estão sob investigação, em 12 municípios. Em 2015, Roraima foi o único outro estado que registrou sarampo, com apenas um caso, de acordo com o Ministério da Saúde.
Desde que a doença voltou a se manifestar no Ceará, em dezembro de 2013, já foram confirmados 718 ocorrências. A Secretaria da Saúde afirma, contudo, que resultados positivos já são perceptíveis. A persistência na alta incidência da patologia, de acordo com a Sesa-CE, se deve ao fato de o vírus do sarampo continuar em circulação.
Conforme explica o infectologista e professor da Universidade Federal da Ceará (UFC), Anastácio Queiroz, a ausência do sarampo no Ceará por 15 anos acabou causando brechas nas cobertura vacinal.
“O Ceará não conseguiu, por fatores diversos, nem vacinar toda a população de crianças, nem identificar todos esses casos de adultos que, de certo modo, não tinham imunidade. Por outro lado, não foi possível identificar todos os casos de sarampo de maneira rápida e, ao mesmo tempo, fazer o bloqueio para que aqueles que mantiveram contato com o vírus fossem identificados e a cadeia de transmissão fosse quebrada. Quanto mais se demora nesse trabalho, mais a doença se expande”.
A expansão da doença, segundo Anastácio Queiroz, se deveu à falta de agilidade em identificar os casos quando o problema começou a dar sinais de reaparecimento. “As secretarias estadual e municipais estão dando muita ênfase nesse trabalho, mas, desde janeiro do ano passado, deveria ter havido uma ação muito mais intensa. Se tivéssemos conseguido reconhecer logo os casos e fazer o bloqueio vacinal, acredito que teríamos um resultado melhor”, expõe.
Mais informações
Secretaria da Saúde do Ceará http://www.saude.ce.gov.br/
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